quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tasso cada vez mais longe da reeleição.

















Tasso cada vez mais longe da reeleição.

Considero totalmente equivocada a pretensa relação que alguns setores da mídia vêm tentando demonstrar entre a decisão do PSB de não lançar candidatura própria à Presidência e uma possível alteração na composição política no bloco progressista anti-neoliberal (PT, PSB, PCdoB, PMDB e demais partidos) no Ceará.

Os últimos acontecimentos envolvendo decisões do PSB Nacional não mudam nem alteram coisa alguma no âmbito local. Ou melhor, altera sim: faz crescer o isolamento do senador tucano Tasso Jereissati.

A decisão do PSB só corrobora com a tese de que a base progressista de sustentação do governo Lula deve ter, sim, dois candidatos viáveis ao Senado Federal. Não sei em que ponto isso facilita a reeleição de Tasso/PSDB ou, ainda, uma aliança das forças progressistas e de esquerda com o PSDB no Ceará.

Sem Ciro Gomes (PSB) candidato, o que ocorre é o inverso. As possibilidades de derrota para Tasso aumentam. Sem a força de um palanque nacional que crie confusão sobre sua relação histórica com o PSDB e o neoliberalismo, o senador tucano-neoliberal terá ainda mais dificuldades de reeleição, pois terá que se contentar com o palanque do Serra, candidato de Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente que "quebrou" por duas vezes o País e que tem baixíssima aceitação do povo cearense.

Outra leitura equivocada dos fatos é de que o PT, por conta da questão nacional aprofundada com o fato do PSB não ter candidato ao Planalto, estaria agora condicionado a "aceitar' apenas uma das posições na chapa majoritária. Como afirmei anteriormente, o palanque nacional que poderia ligar a candidatura da base progressista do governador Cid Gomes/PSB ao senador tucano (contradição sem precedentes e que acredito não passar pela cabeça do PSB) foi desfeito. Em minha opinião, Tasso acaba de perder mais uma batalha. Paciência é sempre uma boa conselheira nesses momentos.

Os motivos são muito simples. Primeiro: é o PT que está, pela segunda vez, abrindo mão de ter uma candidatura majoritária ao governo do Estado. Algo correto no objetivo nacional de consolidar o projeto democrático e popular aliado a superação do neoliberalismo e o fim da "era Tasso" nas terras patativenses.

O PT tem o presidente da República e terá a primeira presidenta desse País. Não será tarefa fácil, a elite brasileira jogará baixo para retomar o espaço perdido, mas não terá êxito em sua empreitada. Além disso, o PT governa 15 importantes cidades no Ceará. Dentre elas, a capital Fortaleza, Juazeiro, Barbalha, Cascavel e Acaraú. O partido está enraizado nos movimentos sociais, sindicais e populares. É, portanto, decisivo em qualquer processo político e, mais ainda, em uma eleição como a que vivenciaremos no outubro vindouro. Não é razoável para uma força com esse peso não ter a legitimidade de lançar um candidato ao senado e reivindicar a vaga de vice.

Outra questão: se não tivermos no bloco já citado dois candidatos para o senado (pra valer, não apenas por demarcação) só elegeremos um, facilitando a reeleição do anti-Lula e neoliberal Tasso Jereissati. Essa não é uma conta difícil de ser feita. E além de matemática, ela é política. Não acredito que Lula, PT, PSB, PCdoB, PMDB e as forças políticas e sociais que estão mudando o Brasil verdadeiramente irão cometer um erro histórico desses. Venho percebendo que algumas matérias na nossa mídia estão, reiteradas vezes, levantando essa tese sem que ninguém tenha defendido tamanho equívoco.

O PT Já ratificou o seu nome viável para o Senado e com amplas chances de vitória, o do ex-ministro José Pimentel, para colaborar com o governo Dilma. Além disso, ratificou também o compromisso de eleger um outro (Eunício-PMDB) aliado do governo Lula nesse bloco anti-neoliberalismo.

Um "laranja" nesse caso, sem força e sem viabilidade para compor a chapa ou lançar apenas um nome, entregando a eleição para o maior inimigo do governo Lula do PT/PSB e PCdoB seria, volto a repetir, um erro histórico. Não acredito que tem gente se iludindo com essa possibilidade, pois significa acreditar que a esquerda cearense jogaria sua história no ralo.

Antonio Carlos de Freitas Souza

*Vice-presidente do PT-Ceará

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