segunda-feira, 31 de maio de 2010

Terra Bárbara

Terra Bárbara
Jáder de Carvalho

Na minha terra,
as estradas são tortuosas e tristes
como o destino de seu povo errante.
Viajor,
se ardes em sede,
se acaso a noite te alcançou,
bate sem susto no primeiro pouso:
— terás água fresca para sua sede,
— rede cheirosa e branca para o teu sono.


Na minha terra,
o cangaceiro é leal e valente:
jura que vai matar e mata.
Jura que morre por alguém — e morre.

(Brasil, onde mais energia:
na água, que tem num só destino
do teu Salto das Sete Quedas
ou na vida, que tem mil destinos,
do teu jagunço aventureiro e nômade?)
Ah, eu sou da terra do seringueiro,
— o intruso
que foi surpreender a puberdade da Amazônia.


Eu sou da terra onde o homem, seminu,
planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.
Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá
e fui crescer nos canaviais do Cariri,
entre caboclos belicosos e ágeis.


Filho de gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos,
eu sou o índice do meu povo:
se o homem é bom — eu o respeito.
Se gosta de mim — morro por ele.
Se, porque é forte, entender de humilhar-me,
— ai, sertão!
Eu viveria o teu drama selvagem,
eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,
como antes te acordava ao choro da viola...

domingo, 30 de maio de 2010

Viva a diversidade.



















Com o Companheiro Orlaneudo e a companheira Renata.

Em Fórum Mundial, Lula prestigia Evo Morales e ironiza "inveja" de Serra

Em momento de descontração logo após a foto oficial de chefes de Estado no 3º Fórum Mundial da Aliança de Civilizações, no saguão do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu abraçado ao boliviano Evo Morales e ironizou os ataques do tucano José Serra ao governo da Bolívia.

"Vamos posar aqui; vamos fazer inveja no Serra", disse Lula ao colega, rindo bastante, em frente aos fotógrafos. De mãos dadas como presidente do Brasil, Evo também riu, mas não comentou a declaração.

Pouco depois, a entrevista coletiva de Morales, que estava agendada para as 16h desta sexta-feira (28), foi cancelada. A jornalistas, o boliviano se recusou a responder a perguntas e deu um palpite sobre a Copa do Mundo: "O Brasil será campeão." O governo da Bolívia divulgou nota para rebater as declarações do tucano.

Antes, em discurso na reunião plenária de cúpula, no início da tarde, Morales foi muito aplaudido: "Precisamos salvar a humanidade e a natureza do capitalismo", defendeu. Para ele, criou-se uma "anticivilização" em que tudo vira mercadoria. "Essa anticivilização está levando à destruição do planeta", discursou.

O presidente boliviano comparou a colonização da América a um "genocídio" e afirmou que a riqueza de civilizações europeias foi construída à custa de "sangue e ouro do nosso continente".

"Uma civilização não se faz com guerras, balas e bases militares. Não haverá paz enquanto não tiver justiça social."

Juntos na caminhada de lutas e conquistas na educação.



















Com o companheiro vereador Guilherme Sampaio e companheira Ana Maria Fontenele Secretária de Educação de Fortaleza.

PT consolida pré-candidatura de Pimentel ao Senado.

sábado, 29 de maio de 2010

I Festival das Juventudes de Fortaleza.

festival-juventudes.jpg












A Prefeitura de Fortaleza cadastra, até o meio dia da próxima segunda-feira (31), os profissionais de comunicação que pretendem cobrir o I Festival das Juventudes em Fortaleza – América Latina e as lutas juvenis, no Clube Cofeco (Rua Abreulândia, s/nº, Sabiaguaba). A credencial será em nome da empresa.

Cada empresa receberá credenciais para a equipe de profissionais de acordo com o seguinte limite:

• Televisão: 3 credenciais (equipe composta por 1 repórter, 1 cinegrafista e 1 auxiliar);
• Rádio: 1 credencial (1 repórter);
• Jornal Impresso: 2 credenciais (equipe composta por 1 repórter e 1 fotógrafo);
• Sites, Agências de Notícias, Revistas e correspondentes de veículos nacionais: 2 credenciais (equipe composta por 1 repórter e 1 fotógrafo).

Para participar do evento, os chefes de redação devem enviar a solicitação para o fax (85) 3105.1446 – em atenção à Coordenadoria de Comunicação – ou para o e-mail karllagadelha@gmail.comEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email , de preferência em papel timbrado da empresa ou por e-mail institucional.

A entrega das credenciais acontecerá na quarta-feira (02), das 14h às 18h, na Coordenadoria de Juventude, no anexo do Gabinete da Prefeita, localizado à Av. Luciano Carneiro, 2235. Vila União.

Informações:
No site: http://www.fortaleza.ce.gov.br

No combate ao racismo e aos preconceitos.



















Com o meu Camarada Bernado da Coodenadoria da Igualdade Racial de Fortaleza.

Provocador e agressivo, Serra volta a atacar a Bolívia

O candidato do PSDB, José Serra decidiu enveredar pelo caminho da provocação. Em entrevista após o lançamento da candidatura do senador Jarbas Vasconcelos, dissidente do PMDB, ao governo de Pernambuco, o tucano voltou a fazer duras acusações ao governo boliviano em relação ao tráfico de drogas. Numa demonstração de pouca educação, nenhuma diplomacia, desdém e desrespeito para com uma nação amiga, disse que a reação da Bolívia às suas críticas não vale uma nota de 3 reais.

Para Serra, a Bolívia "faz corpo mole" e o Brasil precisa pressionar o país vizinho para combater a droga na raiz.

"É impossível a Bolívia exportar 60% ou 70% da sua cocaína para o Brasil sem que o governo lá faça corpo mole", disse Serra. "Combater contrabando é muito difícil, mas é mais fácil combater no país de origem do que no destino".

É a segunda vez que o candidato do PSDB em coligação com o DEM acusa a Bolívia de "cúmplice pelo narcotráfico no Brasil". Serra também lamentou que o presidente Evo Morales seja tratado como amigo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A investida do candidato do PSDB contra o governo boliviano é mais uma demonstração de que a oposição ao presidente Lula não tem bandeira. No desespero, acaba revelando seu caráter reacionário e pró-imperialista. O discurso de Serra se confunde com o dos Estados Unidos, cuja política de combate ao tráfico se confunde com o intervencionismo sobre nações soberanas e a imputação de culpa a movimentos e líderes políticos antiimperialistas. O destempero verbal de Serra para com a Bolívia é também revelador do despreparo do ex-governador de São Paulo para conduzir uma política externa com serenidade.

A América Latina está vivendo um momento de ascenso das forças democráticas e progressistas. A candidatura de Serra revela-se como um instrumento das forças reacionárias para deter as conquistas democráticas e populares, de que é exemplo, entre outras, a gestão do presidente boliviano Evo Morales.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Está faltando alguém no time.



















Isolados como estão nem o professor Fernado Henrique se fez presente.

sábado, 15 de maio de 2010

Bolero de Ravel. Divino vai na alma.

Esquadros. Calcanhoto belíssima composição e interpretação.

Ouvir Estrelas

Ouvir Estrelas
Olavo Bilac

Ora ( direis ) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto

E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? "

E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas

Olavo Bilac

Fantástica Janis Jopin.

Legião Urbana. O mundo anda tão complicado.

Lutar, lutar, lutar por um mundo novo.

















8 de maio na Plenária do Mandato "Companheiro da Nossa Gente".

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Abaixo os preconceitos. "conheço o meu lugar".

Conheço o meu Lugar

Composição: Belchior

O que é que pode fazer o homem comum
neste presente instante senão sangrar?
Tentar inaugurar
a vida comovida,
inteiramente livre e triunfante?

O que é que eu posso fazer
com a minha juventude
quando a máxima saúde hoje
é pretender usar a voz?
O que é que eu posso fazer
um simples cantador das coisas do porão?
Deus fez os cães da rua pra morder vocês
que sob a luz da lua,
os tratam como gente - é claro! - a pontapés.)

Era uma vez um homem e seu tempo...
(Botas de sangue nas roupas de Lorca).
Olho de frente a cara do presente e sei
que vou ouvir a mesma história porca.
Não há motivo para festa: ora esta!
Eu não sei rir à toa!

Fique você com a mente positiva que eu
quero a voz ativa (ela é que é uma boa!)
pois sou uma pessoa.
Esta é minha canoa: eu nela embarco.
Eu sou pessoa!
(A palavra "pessoa" hoje não soa bem -
pouco me importa!)

Não! Você não me impediu de ser feliz!
Nunca jamais bateu a porta em meu nariz!
Ninguém é gente!
Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca houve!

Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem:
Conheço o meu lugar!

Solo extraordinário. Doce mistério da vida.

Belchior no aniversário de Fortaleza. Fantástico

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Com 255 mil seguidores no Twitter, Chávez contrata 200 ajudantes

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, contratou 200 pessoas para ler as mensagens que recebe em sua conta de Twitter, aberta há pouco mais de uma semana. A conta do líder da Revolução Bolivariana ultrapassou a da TV Globovision e já é a mais seguida do país, com 255.374 mil seguidores contabilizados até este domingo (9).

Com o nome de @chavezcandanga, a conta do presidente venezuelano tem atraído cerca de 20 mil novos seguidores diariamente. A equipe de ajudantes de Chávez o ajudará a responder às mais de 50 mil mensagens que já recebeu. Segundo o presidente venezuelano, cerca de 18% das mensagens que recebe são hostis — e estas lhe fazem dar risada ou responder com piadas.

Chávez anunciou em abril sua intenção de abrir a conta no Twitter, para levar sua "luta à internet". A iniciativa de Chávez levou o porta-voz do departamento de Estado americano, PJ Crowley, a aderir também ao site. "Com @chavezcandanga entrando em campo, como poderia eu resistir?" publicou Crowley em sua página no dia 3 de maio.

Da Redação (Vermelho), com informações da BBC Brasil

Dilma está pronta: "Fizemos e sabemos como continuar a fazer''

Dilma está pronta: "Fizemos e sabemos como continuar a fazer''

Em quase quatro horas de entrevista a revista Istoé, a candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, não refugou assuntos. Falou sobre questões pessoais e afetivas com a mesma naturalidade com que abordou temas da política e da economia. Emocionou-se quando relembrou seus dias de luta contra o câncer. Mesmo que jamais tenha buscado votos em sua vida pública, faz promessas de candidata e demonstra apetite para contrapor-se ao candidato da oposição, José Serra.
Leia abaixo trechos da entrevista.

IstoÉ – Por que a sra. acha que o presidente Lula a escolheu para sucedê-lo e quando exatamente se deu isso?
Dilma Rousseff – O presidente Lula me escolheu quatro vezes. A primeira foi na transição do governo de Fernando Henrique para o governo Lula, em 2002. O presidente me chamou para fazer a coordenação da área de infraestrutura porque me conhecia das reuniões do Instituto de Cidadania. Depois ele me escolheu para ser ministra de Minas e Energia. E, em 2005, para ser ministra da Casa Civil. Por último, me escolheu para ser pré-candidata para levar à frente o projeto de governo. Acho que me escolheu porque acompanhei com ele a construção de todos os grandes projetos. O presidente sabe que nós conseguimos, juntos, fazer estes projetos.

IstoÉ – Ser presidente era uma ambição pessoal da sra.?
Dilma – É um momento alto da minha vida, talvez o maior. Tem gente que passou uma vida inteira querendo ser presidente da República. Eu era mais modesta. Fui para a atividade pública porque queria servir. Pode parecer uma coisa falsa, mas acho que se pode servir à população brasileira no setor público.

Sempre acreditei que o Brasil podia mudar, mas isto era uma questão longínqua. Quando o Lula me chamou para a chefia da Casa Civil, ele pretendia que o governo entrasse na trilha do crescimento e da distribuição de renda para que o Brasil desse um salto, e vi nisso uma grande oportunidade.

IstoÉ – A sra. se considera preparada para o cargo?
Dilma – Tenho clareza, hoje, de que conheço bem o Brasil e os escaninhos do governo federal. Então, sem falsa modéstia, me acho extremamente capacitada para o exercício desse cargo. E acredito que o fato de não ser uma política tradicional pode incutir um pouco de novidade na gestão da coisa pública. Uma novidade bem-vinda.

Na minha opinião, critérios técnicos se combinam com políticos. Escolher onde aplicar é sempre um ato político. Por exemplo, eu acho que a grande missão nossa é erradicar a pobreza e que é possível erradicá-la nos próximos anos. Isto é um ato político. Outra pessoa pode escolher outra coisa.

IstoÉ – No horizonte de um governo, é possível erradicar a pobreza?
Dilma – Tem um estudo do Ipea mostrando que até 2016 é possível erradicar a pobreza extrema, a miséria. Mas o empresário Jorge Gerdau costuma dizer que “meta que se cumpre é meta errada”. Metas não são feitas para cumprir, mas para estabelecer um objetivo, criar uma força. Assim, acredito que o prazo de 2016 é viável, mantido o padrão do governo Lula. Nossa meta pode ser ainda mais ousada. Só não vou dizer qual porque, se passar dois dias sem cumpri-la, vão dizer: “Não cumpriu a meta”, como fazem com o PAC. Atrasar uma obra de engenharia em seis meses é a catástrofe no Brasil.

IstoÉ – O presidente Lula também trabalhou com metas quando foi candidato. Ele falava em dez milhões de empregos...
Dilma – Acho que a gente fecha em 14 milhões. Falei com a área econômica de dois bancos e ambos consideram que o crescimento do PIB será de 6,4%, podendo chegar a 7%, o que dá condições para se chegar a estes 14 milhões de empregos. Os dados da produção industrial que fechamos em março apontam um crescimento muito robusto e sustentável porque são os bens de capital que estão puxando esse desempenho.

IstoÉ – A sra. vai enfrentar um candidato que também se apresenta como um pós-Lula. O que a diferencia dele?
Dilma – Só se acredita em propostas para o futuro de quem cumpriu suas propostas no presente. O que nos distingue é que nós fizemos, nós sabemos o que fazer e como fazer. Mais do que isso, os projetos dos quais eu participei – 24 horas por dia nos últimos cinco anos – são prova cabal de que somos diferentes.

IstoÉ – A sra. não acha importante o fato de o PT ter assumido o governo com um quadro de estabilidade da moeda?
Dilma – Eu não queria fazer isso, mas, se vocês insistem, vamos lá: recordar é viver. Nós assumimos o governo com fragilidades em todas as áreas. Taxas de inflação acima de dois dígitos, déficit fiscal significativo e, sobretudo, uma fragilidade externa monstruosa. Tínhamos um empréstimo com o FMI de US$ 14 bilhões.

A margem de manobra nessa situação é zero. Você se coloca de joelhos junto aos credores internacionais. Quem fala com você é o sub do sub do sub. Isso não foi momentâneo. Foi uma década de estagnação, de desemprego e desigualdade. Nós tivemos, claro, coisas boas. Uma delas é a Lei de Responsabilidade Fiscal.

IstoÉ – Mas já cogitam mudá-la. A sra. é favorável a isto?
Dilma – Depende. Acho que para mexer em coisas que têm dado certo é recomendável caldo de galinha e muita calma. Mas, voltando ao recordar é viver, o Plano Real também teve mérito. Já em outros pontos fomos salvos pelo gongo. O país deve dar graças a Deus por não terem partido a Petrobras em pedaços, não terem privatizado o setor elétrico, Furnas, Eletronorte, Eletrosul. A privatização da telefonia foi correta, mas não acho hoje muito relevante. Hoje a banda larga é mais importante que a telefonia.

IstoÉ – A sra. acha que Serra seria a continuidade de FHC?
Dilma – Não tenho nenhum comentário a fazer sobre a pessoa José Serra. Tenho respeito por ele. Mas nós representamos projetos políticos distintos. Nós temos uma forma diferente de olhar o Estado.

IstoÉ – O governo FHC foi incompetente?
Dilma – O governo FHC representa um processo em que não acredito. Não acredito num projeto de privatização de rodovias que aumenta o custo Brasil por causa dos pedágios, que embute taxas de retorno de 26% ao ano. Em estradas federais, a qualidade melhorou muito com pedágios bem menores por uma razão muito simples: nós não cobramos concessão onerosa. Logística é igual a competitividade na veia.

IstoÉ – O que a sr. faria diferente do atual governo?
Dilma – Nós tivemos que trocar o pneu do carro com ele andando. Algumas coisas concluímos, em outras não conseguimos avançar. Acho imprescindível, para o patamar de crescimento atingido, fazer a reforma tributária. Não é proposta, é uma exigência. Se quisermos aumentar nossa produtividade e, consequentemente, nossa competitividade, precisamos acabar com coisas absurdas como a tributação em cascata.

IstoÉ – O governo atual também diz que tentou fazer isto.
Dilma – Não deu agora porque reforma tributária significa conflito federativo. Aprendemos que é inviável fazer reforma tributária sem compensações porque ela tem tempos diferentes. Para neutralizar o efeito negativo da perda de arrecadação, vamos criar um fundo de compensação. Este é o único mecanismo negociável.

IstoÉ – Os acordos políticos resultarão ainda em loteamento de cargos?
Dilma – Não. O apoio político é totalmente legítimo. Em todos os países há uma composição política que governa. O que você tem que exigir é padrões técnicos. Lutei muito para implantar isso no governo.

IstoÉ – Está satisfeita com o que foi feito?
Dilma – Acho que podemos melhorar.

IstoÉ – A sra. será avó, em breve. E provavelmente seu neto nascerá num hospital privado e se educará numa escola particular. Em que momento a sra. acha que o Brasil estará pronto para mudar isso?
Dilma – Quero muito que isso aconteça porque me esforcei muito para estudar numa excepcional escola pública, que era o Colégio Estadual de Minas Gerais. A gente fazia um vestibularzinho para passar ali. Era difícil. Este é o grande desafio do Brasil. Para a educação ser de qualidade, não é só prédio, laboratório, banda larga nas escolas. É, sobretudo, professor bem remunerado e com formação adequada.

IstoÉ – Qual a sua posição em relação ao aborto? A sra. passou pela experiência de fazer um aborto?
Dilma – Eu duvido que alguma mulher defenda e ache o aborto uma maravilha. O aborto é uma agressão ao corpo. Além de ser uma agressão, dói. Imagino que a pessoa saia de lá baqueada. Eu não tive que fazer aborto. Depois que minha filha nasceu, tive uma gravidez tubária, eu não podia mais ter filho. E antes disso só engravidei uma vez, quando perdi o filho por razões normais. Tive uma hemorragia, logo no início da gravidez, sem maiores efeitos físicos.

IstoÉ – Isso foi antes de sua filha nascer?
Dilma – Foi antes. Tanto é que eu fiquei com muito medo de perder minha filha, quando fiquei grávida. Mas todas as minhas amigas que vi passarem por experiências de aborto entraram chorando e saíram chorando. Eu acho que, do ponto de vista de um governo, o aborto não é uma questão de foro íntimo, mas de saúde pública. Você não pode hoje segregar mulheres. Deixar para a população de baixa renda os métodos terríveis, como aquelas agulhas de tricô compridas, o uso de chás absurdos, de métodos absolutamente medievais, enquanto as mulheres de renda mais alta recorrem a clínicas privadas para fazer aborto. Há muita falsidade nisto.

IstoÉ – A sra. defende uma legislação que descriminalize o aborto?
Dilma – Que obrigue a ter tratamento para as pessoas, para não haver risco de vida. Como nos países desenvolvidos do mundo inteiro. Atendimento público para quem estiver em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto.

IstoÉ – A Igreja Católica se opõe a isto.
Dilma – Entendo perfeitamente. Numa democracia, a Igreja tem absoluto direito de externar sua posição.

IstoÉ – A sra. é católica?
Dilma – Sou. Quer dizer, sou antes de tudo cristã. Num segundo momento sou católica. Tive minha formação no Colégio Sion.

IstoÉ – A sra. passou por um tratamento para curar um câncer e precisa submeter-se a revisões periódicas. O que deu sua revisão dos seis meses?
Dilma – Agora faço de seis em seis meses. Fiz há pouco, em abril, e deu tudo perfeito. Existe na sociedade e em cada um de nós uma visão ainda muito pesada sobre a questão do câncer. E isso provoca nas pessoas muita dificuldade em tratar a doença Eu tive a sorte de descobrir cedo. Estava fazendo um exame no estômago e resolveram ver como estavam minhas coronárias. Eu fui para fazer um exame de coronária e descobri um linfoma.

IstoÉ – Como a sra. reagiu?
Dilma – A notícia é impactante. Na hora eu não acreditei, estava me sentindo tão bem. Há uma contradição entre o que você sente e o que te falam. Para combater o câncer você precisa encontrar forças em você mesma. Tem que se voltar para você, não pode, de jeito nenhum, se entregar. Depois, você combate porque conta com apoio. Eu tive uma sorte danada, recebi apoio popular. Chegavam perto de mim e falavam que estavam rezando. A gente se comove muito. E também tive apoio dos amigos, do presidente, de meus colegas no governo.

IstoÉ – A sra. rezava?
Dilma – Ah, você reza, sim. E reza principalmente porque não é o câncer que é ruim, é o tratamento.

IstoÉ – A sra. tem medo que o câncer volte?
Dilma – Hoje não.

IstoÉ – Como a sra. encara a vida depois disso?
Dilma – A gente dá mais valor a coisas que costumam passar despercebidas. Você olha para o sol e fica pensando se você vai poder continuar vendo esta coisa bonita. Você fica mais alerta. Só combate isso se tiver força interna. Vou contar uma coisa. Eu não conhecia a Ana Maria Braga e um dia ela me ligou e conversou comigo explicando como tinha vencido o câncer dela, que o dela era mais difícil, diferente, e que superou. Vou ter sempre uma dívida com ela, porque, de forma absolutamente solidária e humana, ela me ligou naquele momento.

IstoÉ – Mudando de assunto, o Lula é um bom chefe?
Dilma – Sim. O Lula é uma pessoa extremamente afetiva. Ele não te olha como se você fosse um instrumento dele. Te olha como uma pessoa, te leva em consideração, te valoriza, brinca. Ele tem uma imensa qualidade: ele ri, ri de si mesmo.

IstoÉ – A sra. também será assim como chefe? Porque dizem que a senhora é o contrário disto, durona...
Dilma – Você não pense que o Lula não é duro não, hein?! É fácil até para você cobrar, em função disto. Basta dizer: amanhã tem reunião com o Lula. Simples...

IstoÉ – As reuniões são muito longas?
Dilma – A busca de um consenso é um jeito que criamos no governo. Algumas vezes o presidente chamava isto de toyotismo. Não é a linha de montagem da Ford, onde cada um vai olhando só uma parte. É aquele método de ilha da Toyota, porque você faz tudo em conjunto. Outra coisa é que a gente sempre discute com os setores interessados.

Sabe como saiu o Minha Casa, Minha Vida? Porque nós sentamos com eles (empresários da construção civil) e conversamos. Eles criticando o que se fazia, os 13 grandes mais a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil. Se você não fizer isso, se não for absolutamente exaustivo no debate do detalhe, o projeto não fica em pé. Na curva ele cai.

IstoÉ – Hoje todo mundo comenta, inclusive dentro do partido, que, a partir da entrada do presidente na campanha, suas chances de vitória aumentam. A sra. traz essa expectativa também?
Dilma – Do nosso ponto de vista já é dado que o presidente participa. Nós nunca achamos que ele vai chegar um dia e participar depois. O presidente é a maior liderança do PT, a maior liderança da coligação do governo, uma das maiores lideranças do país, uma das maiores lideranças do mundo...

IstoÉ – O fato de ter duas mulheres pela primeira vez concorrendo dará um tom diferente à campanha?
Dilma – Acho que as mulheres estão preparadas para pleitear as suas respectivas candidaturas e o Brasil está preparado para as mulheres agora. Penso que é muito importante que haja um olhar feminino sobre o Brasil. As mulheres são sensíveis e isso é uma grande qualidade. As mulheres são sensatas e objetivas até porque lidam na vida privada com condições que exigem isto. Ou você não conseguiria botar filho na escola, providenciar comida, mandar tomar banho, ir trabalhar... As mulheres também são corajosas: a gente segura dor, a gente encara.

IstoÉ – A sra. é a favor ou contra a reeleição?
Dilma – Sou a favor. Acho muito importante.

IstoÉ – A sra. cederia a possibilidade de uma reeleição para o presidente Lula, no caso de ele querer se candidatar em 2014?
Dilma – Ele já me disse para não responder a essa pergunta.

IstoÉ – Até quando a sra. vai obedecer cegamente o que ele manda?
Dilma – Lula não exige obediências cegas.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

PAZ E LIBERDADE. ABAIXO TODOS OS PRECONCEITOS.

Dilma exalta capacidade produtiva do país em lançamento de navio

A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, disse nesta sexta-feira (7), ao chegar ao Estaleiro Atlântico Sul, em Ipojuca (PE), que o Brasil dá um passo fundamental para o aumento de sua capacidade produtiva ao lançar o primeiro navio petroleiro de grande porte, depois de décadas de estagnação da indústria naval.
Olhando o petroleiro João Cândido, Dilma ressaltou o esforço dos trabalhadores. “Bonito é isso ali, ó. Cheio de trabalho”, comentou acenando para os trabalhadores que estavam a bordo do navio pouco antes do lançamento.
“Era isso que diziam que no Brasil não se podia fazer. O Brasil dá um passo à frente hoje. Não podemos produzir apenas commodities [soja, minério de ferro], nós também produzimos navios como esse, desse tamanho”, afirmou.
O lançamento do navio petroleiro João Cândido representa o reinício de uma atividade industrial abandonada no país há décadas. Ele é o primeiro das 49 embarcações de grande porte que integram o Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef) a ser entregue.
Segundo o EAS, que abriu suas portas há cerca de três anos, o petroleiro tem capacidade para transportar até 1 milhão de barris de petróleo, o equivalente à quase a metade da produção diária brasileira. A empresa emprega cerca de 4 mil funcionários, a maior parte treinada em Pernambuco, e cerca de 1,3 mil trabalharam diretamente na construção do petroleiro.

Lula: o que fizemos no Brasil não pode mudar

Estrela do evento em Pernambuco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou no Complexo Portuário de Suape e pediu que os empresários brasileiros invistam no País. "Não ter empresa que produza trilhos para a malha viária é uma vergonha", afirmou. No fim, ainda fez um apelo: "o que fizemos no Brasil não pode mudar. Se a gente deixar, o Brasil regride. Nós sabemos que fazer é dificil. Derrubar é fácil", diz.

Lula também desafiou qualquer político a mostrar, nos últimos 30 anos, um presidente que tenha colocado mais dinheiro em cada estado brasileiro do que ele. O presidente, que estava bem humorado, chegou a brincar com uma bandeira do Sport, pentacampeão do Campeonato Pernambucano, e também disse concordar com o ministro da saúde no quesito de que para cuidar da pressão, tem que fazer sexo. "Não fique se lamentando companheiro, vá a luta", brincou.
Durante a inauguração do navio, o presidente ficou em cima da plataforma ao lado de Dilma e do Governador de Pernambuco, Eduardo Campos e acenou para os operários. Ele prometeu retornar no final do ano a Ipojuca se o Atlântico Sul inaugurar outro navio.
O navio, que tem o nome de João Cândido em homenagem ao Líder da Revolta da Chibata, é um dos 22 encomendados pela Transpetro ao Estaleiro Atlântico Sul.

Emprego para moradores locais

A economia local da Ipojuca se beneficiou muito da retomada da indústria naval no país, graças ao impulso dado pelo governo Lula. Daiana Marques da Silva, 22 anos, é um dos muitos exemplos que podem ser colhidos no Estaleiro Atlântico Sul (EAS).
Antes do estaleiro, “eu só estudava e fazia alguns bicos”, contou a ex-soldadora e hoje auxiliar de produção, que mora em Ipojuca. Segundo ela, a cidade mudou depois da instalação do EAS. As pessoas passaram a ter mais perspectivas, avalia. “Só não trabalha aqui quem não procurar. Tem muita oportunidade”, salientou.
Daiana conta que no começo os familiares tinham dúvidas sobre o trabalho dela, mas depois com o boom que o estaleiro provocou na cidade, tudo passou ser natural. “Eles ficavam curiosos, queriam saber se era muito quente, se era perigoso trabalhar na solda”, lembrou. Ela entrou na “turma zero” do EAS. “Fui uma das primeiras a ser contratada. Fiquei dois anos como soldadora e agora estou como auxiliar de produção”, revelou.
Ela também levou o marido para trabalhar no estaleiro. “Antes, ele trabalhava com turismo, com recreação de turistas. O problema é que turismo não dá dinheiro o ano inteiro. É só por uns meses. Então, ele preferiu trocar”, explicou.
Segundo dados do EAS, mais de 90% dos trabalhadores na construção do EAS e dos navios vêm dos cinco municípios no entorno do Complexo Portuário de Suape. Antes de entrar no estaleiro, a maioria destes trabalhadores ganhava a vida como cortador-de-cana, pescador, nas atividades turísticas ou doméstica.
Inicialmente, eles passaram por um reforço de ensino básico, com duração de três meses, em um antigo matadouro reformado e transformado em escola, hoje denominada “Nascedouro de Talentos”. Na segunda fase, a força de trabalho foi capacitada pelo Senai, recebendo base teórica e treinamento prático.
Na terceira fase, de cerca de três meses, o Centro de Treinamento construído pelo EAS em Suape ofereceu uma qualificação final direcionada para as atividades a serem exercidas por cada um no estaleiro (soldador, caldeireiro, mecânico, montador, pintor).

Resgate histórico e retorno ao Brasil

O lançamento do petroleiro João Cândido resgata a história de bravos brasileiros que lutaram contra a discriminação racial e a violência na Marinha de Guerra no início do século passado durante a Revolta da Chibata. Também revela a luta diária de outros brasileiros por uma vida melhor.
O ressurgimento da indústria naval no país tem ajudado esses brasileiros a viver mais perto de suas famílias, como no caso de dekasseguis (brasileiros descendentes de japoneses ) que saíram e agora retornam ao Brasil por conta desse novo ciclo econômico.
Além de recrutar e capacitar mão-de-obra em Ipojuca, a administração do estaleiro decidiu importar mão-de-obra brasileira que trabalhava nos estaleiros japoneses.
A história da soldadora Márcia Mitiko, 29 anos, ilustra a volta dos dekasseguis que são trabalhadores altamente qualificados na indústria. O EAS decidiu recrutar 200 deles no final do ano passado. Até agora, cerca de 90 já fizeram o caminho de volta e felizes da vida.
“Eu me casei e mudei para o Japão com meu marido com o objetivo de ficar três anos lá. Acabamos ficando nove”, conta Márcia, que levou sua filha Bruna de quatro meses junto. “Eu fiquei sabendo que eles estavam recrutando pessoas para trabalhar em estaleiros no Brasil. Foram lá, me entrevistaram e resolvi voltar.”
Junto com ela veio o marido, que também trabalha no estaleiro. “No nosso estaleiro lá em Hiroshima, ainda não havia tido problema por causa da crise [financeira mundial], mas eu conhecia vários brasileiros que tinham perdido o emprego por conta disso”, contou. Segundo ela, a filha já está adaptada ao Brasil e só fala português agora.

Enquanto ela contava sua história, a amiga e também soldadora Manuela Barão disse que também voltou do Japão por causa da oferta de emprego do EAS. “Eu procurei na internet informações sobre estaleiros no Brasil, porque eu queria voltar. Já estava há seis anos lá. Daí mandei um currículo para cá, mas eles não me responderam. Depois de uns meses soube que haveria uma seleção e fui participar e decidi voltar”, explicou Manuela, que também trouxe o marido brasileiro que conheceu no Japão para Pernambuco e para o EAS.
Márcia está orgulhosa de ter participado desse navio cheio de história. “Eu estou feliz, né. É o primeiro navio a ser construído no Brasil desde a retomada [da indústria naval]. É o primeiro estaleiro a construir um petroleiro tão grande nessa época. Quando eu ficar velhinha, vou contar para os meus netos que participei da construção desse navio”, disse.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Os(as) Comunistas estão de volta.



















Militantes protestam na Acrópole contra plano de austeridade

Cerca de 200 militantes comunistas ocuparam na manhã desta terça-feira a Acrópole de Atenas para protestar contra o plano de austeridade imposto à Grécia. "Povos da Europa, rebelai-vos", afirmava uma faixa escrita em grego e inglês e exibida pelos manifestantes, que também gritaram frases de protesto.

A polícia não soube explicar como os comunistas entraram no local, que fica fechado ao público durante a manhã e, em tese, tem uma rigorosa vigilância.

Para salvar à Grécia da falência, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os países da zona do euro anunciaram no domingo o desembolso de 110 bilhões de euros nos próximos três anos.

Em troca, o governo de Papandreou deverá implementar um duro programa de austeridade, que inclui a redução de salários dos funcionários e o aumento de vários impostos.

www.terra.com.br

Marco Aurélio Garcia: programa de governo Dilma deve mobilizar sociedade

Na abertura do Encontro Nacional Extraordinário de Setoriais do PT, na Câmara Municipal de São Paulo, sexta-feira à noite (30/4), o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, iniciou parte das discussões internas sobre o programa de governo da pré-candidata Dilma Rousseff.
Coordenador do documento, Garcia expôs aos petistas um panorama do governo Lula e ressaltou a necessidade de mobilização social em torno da campanha petista. "Vamos ter que afinar a viola".

- É um conjunto de diretrizes (o programa "A grande transformação). Não é a imposição de um partido. Deixamos claro que seria um projeto oferecido aos partidos e à sociedade brasileira. Teremos que coordenar as elaborações que estão sendo feitas e debater com os outros partidos. Alguns têm pouca experiência, outros têm mais - explicou Garcia.

Mais cedo, Dilma havia feito a palestra inaugural do encontro de 15 setoriais do PT, que devem formular pontos de seu programa. Na sessão reservada à militância, Garcia traçou alguns dos procedimentos para os debates - primeira exigência: menos prolixidade.

- Os documentos precisam ser curtos. Se for muito longo, nem nós vamos ler... Se você tem mais de cinco prioridades, você não tem nenhuma. Você deve ter cinco, seis, sete, e ponto - fincou.

Nesta segunda, uma reunião em Brasília discutirá o método dos trabalhos e as comissões. Na quarta, será traçada uma plataforma para interagir na internet, por meio de um blog ou site. Garcia quer integrar setores não-partidários à discussão do projeto presidencial de Dilma.

- Temos que trabalhar o conjunto da sociedade... O problema do programa de governo é de elaboração, mas também de mobilização... A eleição é um momento privilegiado de mobilização da sociedade.

O assessor especial da presidência avaliou que, nos primeiros quatro anos de governo, Lula conseguiu "acertar o quadro de caos social e econômico" e refutou as semelhanças com a gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): "Não há continuidade de política econômica".

- Nesses sete anos e quatro meses houve uma retomada de crescimento econômico. E essa retomada se fez com distribuição de renda, equilíbrio macroeconômico e redução de vulnerabilidade externa - declarou, logo na abertura, ressaltando que outros países cresceram, mas enfrentam críticas por não ter um regime democrático.

Num momento de análise das forças políticas na campanha de 2010, Marco Aurélio Garcia ironizou a aproximação do pré-candidato José Serra (PSDB) com o lulismo.

- O pós-Lula é a Dilma, vamos deixar isso claro! Aqueles que fizeram oposição durante sete anos agora querem esconder. Todo mundo é lulista. Serra é o maior lulista que tem... Quem tem condições de dar a continuidade são aqueles que estiveram comprometidos nesse processo - defendeu o professor, citando a ex-ministra da Casa Civil como legítima sucessora.

Durante o mês de maio, os debates internos serão acelerados, para que o esboço inicial do programa seja debatido com os partidos aliados (PMDB, PC do B, PR, PDT e PRB). "É sistematizar e transformar em temas de grandes debates da sociedade", ressaltou Garcia. Para ele, "o Brasil tem uma estrutura complicada, federativa, com algumas questões que não sabemos de quem é a responsabilidade" - e exemplificou com os setores da segurança, educação e saúde.

Fonte: Terra Magazine

sábado, 1 de maio de 2010

Íntegra do pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para os brasileiros em homenagem ao Dia do Trabalhador.

Confira a íntegra do pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para os brasileiros em homenagem ao Dia do Trabalhador:

“Companheiras Trabalhadoras e Companheiros Trabalhadores,

Esta é a última vez que falo com vocês, como presidente, para comemorar o nosso dia, o Dia do Trabalhador. E falo como sempre falei nos últimos sete anos: olhando nos olhos de cada um de vocês; e trazendo, mais uma vez, boas notícias.

No dia 1o de Maio, graças a Deus, temos comemorado, ano após ano do meu governo, o aumento do emprego, da massa salarial, do salário mínimo, do crédito e do poder de compra do trabalhador. Temos comemorado também o crescimento vigoroso da economia e a clara retomada dos investimentos.

E temos celebrado o fato de que o Brasil construiu uma democracia sólida e firmou um modelo de desenvolvimento baseado no crescimento sustentado, na distribuição de renda e na diminuição da desigualdade entre as pessoas e entre as regiões. Hoje temos orgulho do nosso país e somos respeitados pelo mundo.

Companheiras e companheiros,

Daqui a oito meses, deixarei a Presidência da República, cargo para o qual fui eleito duas vezes, pelo voto de milhões de brasileiros. Olhando para o calendário, meu período de governo está chegando ao fim.

Mas algo me diz que este modelo de governo está apenas começando. Algo me diz, fortemente, em meu coração, que este modelo vai prosperar. Sabe por quê? Porque este modelo não me pertence: pertence a vocês, pertence ao povo brasileiro. Que saberá defendê-lo e aprofundá-lo, com trabalho honesto e decisões corretas.

Nesses últimos anos, o povo aprendeu a confiar em si mesmo. Aprendeu a não dar ouvidos aos derrotistas e à turma do contra; aos que diziam que o Brasil tinha de se contentar com um crescimento medíocre; aos que pregavam o conformismo diante da exclusão social e da injustiça.

A experiência do meu governo mostrou o contrário. O Brasil tem todas as condições de crescer a taxas robustas, na casa dos 5% ao ano, e assim, converter-se numa das maiores economias do mundo.

Basta manter um rumo claro e seguro, não perdendo de vista nunca que a inclusão social é o grande motor do desenvolvimento econômico. Só reduzindo a pobreza, continuando a retirar da miséria milhões de brasileiros, consolidaremos um amplo mercado interno de massas, capaz de estimular e sustentar um longo período de crescimento econômico.

Porque não pode existir um país rico com um povo pobre. Não pode haver um país forte com um povo miserável. Só é rico o país que descobre que o povo é sua maior riqueza. Só é forte a nação que se constrói mobilizando a energia, os sonhos e as esperanças de sua gente. Este é o caminho que o Brasil aprendeu a trilhar nesses últimos anos. Estou seguro de que nada ou ninguém será capaz de nos afastar desse rumo.

Minhas amigas e meus amigos,

Hoje, estamos vivendo uma era de firme retomada do crescimento econômico. Posso dizer com orgulho que o Brasil deixou para trás as décadas de estagnação. Nem a crise financeira internacional, a mais grave das últimas décadas, foi capaz de nos deter. Já retomamos com vigor o caminho do desenvolvimento econômico.

Estamos vivendo também uma era de retomada do emprego e do trabalho. A taxa de desocupação caiu fortemente nos últimos anos, de 12,3% em 2003 para 7,2% hoje. Em sete anos, o Brasil gerou mais de 12 milhões de empregos com carteira assinada. E, neste primeiro trimestre, mais 650 mil novos postos de trabalho formais, um recorde absoluto. Já se prevê que o país vai gerar mais de dois milhões de empregos este ano, o que seria a melhor marca da nossa história.

O Brasil não apenas tem criado mais empregos. Tem também criado empregos melhores. Em fevereiro deste ano, 50,7% dos trabalhadores tinham carteira assinada. Um salto e tanto em relação a 2003, quando essa percentagem era de 43,5%.

Os salários também aumentaram no período. O salário mínimo, graças a um aumento real de 74% ao longo do governo, é o mais alto dos últimos 40 anos. A massa salarial como um todo cresceu 42% no mesmo período, em termos reais.

Também estamos vivendo uma era de fortíssima inclusão social, graças ao Bolsa Família e a muitos outros programas do governo. Nos últimos sete anos, 31 milhões de brasileiros entraram na classe média e 24 milhões saíram da linha da miséria. Deixamos de ser um país majoritariamente pobre. Hoje as classes A, B e C formam quase 70% da população.

Tudo isso está fazendo a roda da economia girar de forma sustentada. Como há mais gente consumindo, o comércio vende mais e aí tem de encomendar mais da indústria, que tem de investir mais e contratar mais trabalhadores, num círculo virtuoso, que impulsiona o país e seu povo para frente.

Minhas amigas e meus amigos,

Quando um país, como o Brasil, realiza algumas conquistas sempre esperadas, abrem-se, imediatamente, novos desafios para o dia de amanhã. Mais que nunca o Brasil está preparado para o futuro. Mas é preciso que a gente continue tomando as decisões certas, nas horas certas.


É isso que temos feito nos nossos projetos de longo e médio prazo, como o PAC-2 e o Pré-Sal. Logo, logo começaremos a explorar as gigantescas reservas de petróleo descobertas pela Petrobrás no pré-sal.

Seus recursos não devem ser gastos em bobagens ou no custeio de despesas correntes. Por lei, serão aplicados, obrigatoriamente, em educação, saúde, ciência e tecnologia, cultura e meio ambiente. Temos em mãos um passaporte para o futuro, e não podemos desperdiçar essa chance.

Temos pela frente grandes oportunidades: a realização da Copa do Mundo e das Olímpiadas de 2016, gerando investimentos, emprego e renda. Estou seguro de que o Brasil mostrará ao mundo, mais uma vez, sua competência, criatividade e capacidade de trabalho.

O Brasil é um país sem limites para crescer. Não apenas porque tem grandes riquezas naturais. Mas principalmente porque tem um povo generoso, forte e criativo. Um povo maduro que sabe escolher, que trabalha duro e não desperdiça oportunidades. Um povo que soube trazer nosso país até aqui e que saberá continuar conduzindo nosso Brasil no rumo certo.

Muito obrigado.

Boa Noite.”

Construção na voz da imortal de Elis Regina.

Trecho do manifesto O direito à preguiça. Paul Lafargue

Um Dogma Desastroso

Sejamos preguiçosos em tudo,
exceto em amar e em beber, exceto
em sermos preguiçosos.
LESSING

Uma estranha loucura se apossou das classes operárias das nações onde reina a civilização capitalista. Esta loucura arrasta consigo misérias individuais e sociais que há dois séculos torturam a triste humanidade. Esta loucura é o amor ao trabalho, a paixão moribunda do trabalho, levado até ao esgotamento das forças vitais do indivíduo e da sua progenitora. Em vez de reagir contra esta aberração mental, os padres, os economistas, os moralistas sacrossantificaram o trabalho. Homens cegos e limitados, quiseram ser mais sábios do que o seu Deus; homens fracos e desprezíveis, quiseram reabilitar aquilo que o seu Deus amaldiçoara. Eu, que não confesso ser cristão, economista e moralista, recuso admitir os seus juízos como os do seu Deus; recuso admitir os sermões da sua moral religiosa, econômica, livre-pensadora, face às terríveis consequências do trabalho na sociedade capitalista.

Na sociedade capitalista, o trabalho é a causa de toda a degenerescência intelectual, de toda a deformação orgânica. Comparem o puro-sangue das cavalariças de Rothschild, servido por uma criadagem de bímanos, com a pesada besta das quintas normandas que lavra a terra, carrega o estrume, que põe no celeiro a colheita dos cereais. Olhem para o nobre selvagem, que os missionários do comércio e os comerciantes da religião ainda não corromperam com o cristianismo, com a sífilis e o dogma do trabalho, e olhem em seguida para os nosso miseráveis criados de máquinas

Quando, na nossa Europa civilizada, se quer encontrar um traço de beleza nativa do homem, é preciso ir procurá-lo nas nações onde os preconceitos econômicos ainda não desenraizaram o ódio ao trabalho. A Espanha, que infelizmente degenera, ainda se pode gabar de possuir menos fábricas do que nas prisões e casernas; mas o artista regozija-se ao admirar o ousado Andaluz, moreno como as castanhas, direito e flexível como uma haste de aço; e o coração do homem sobressalta-se ao ouvir o mendigo, soberbamente envolvido na sua capa esburacada, chamar amigos aos duques de Ossuna. Para o espanhol, em cujo país o animal primitivo não está atrofiado, o trabalho é a pior das escravaturas (O provérbio espanhol diz: Descansar és salud). Os gregos da grande época também só tinham desprezo pelo trabalho: só aos escravos era permitido trabalhar, o homem livre só conhecia os exercícios físicos e os jogos da inteligência. Também era a época em que se caminhava e se respirava num povo de Aristóteles, de Fídias, de Aristófanes; era a época em que um punhado de bravos esmagava em Maratona as hordas da Ásia que Alexandre ia dentro em breve conquistar. Os filósofos da antiguidade ensinava o desprezo pelo trabalho, essa degradação do homem livre; os poetas cantavam a preguiça, esse presente dos deuses:

O Meliboe, Deus nobis hoec otia fecit (Ó Melibeu, um Deus deu-nos esta ociosidade).

Cristo pregou a preguiça no sermão da montanha:

“Contemplai o crescimento dos lírios dos campos, eles não trabalham nem fiam e, todavia, digo-vos, Salomão, em toda a sua glória, não se vestiu com maior brilho” (Evangelho segundo São Matheus, cap. VI).

Jeová, o deus barbudo e rebarbativo, deu aos seus adoradores o exemplo supremo da preguiça ideal; depois de seis dias de trabalho, repousou para a eternidade.

Em contrapartida, quais são as raças para quem o trabalho é uma necessidade orgânica? Os “Auvergnats”; os Escoceses, esses “Auvergnats” das ilhas britânicas; os Galegos, esses “Auvergnats” da Espanha; os Pomeranianos, esses “Auvergnats” da Alemanha; os Chineses, esses “Auvergnats” da Ásia. Na nossa sociedade, quais são as classes que amam o trabalho pelo trabalho? Os camponeses proprietários, os pequeno-burgueses, uns curvados sobre as suas terras, os outros retidos pelo hábito nas suas lojas, mexem-se como a toupeira na sua galeria subterrânea e nunca se endireitam para olhar com vagar para a natureza.

E, no entanto, o proletariado, a grande classe que engloba todos os produtores das nações civilizadas, a classe que, ao emancipar-se, emancipará a humanidade do trabalho servil e fará do animal humano um ser livre, o proletariado, traindo os seus instintos, esquecendo-se da sua missão histórica, deixou-se perverter pelo dogma do trabalho. Rude e terrível foi a sua punição. Todas as misérias individuais e sociais mereceram da sua paixão pelo trabalho.

Viva a classe trabalhadora. Viva o 1º de Maio.

Viva a classe trabalhadora. Viva o 1º de Maio.