quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tasso cada vez mais longe da reeleição.

















Tasso cada vez mais longe da reeleição.

Considero totalmente equivocada a pretensa relação que alguns setores da mídia vêm tentando demonstrar entre a decisão do PSB de não lançar candidatura própria à Presidência e uma possível alteração na composição política no bloco progressista anti-neoliberal (PT, PSB, PCdoB, PMDB e demais partidos) no Ceará.

Os últimos acontecimentos envolvendo decisões do PSB Nacional não mudam nem alteram coisa alguma no âmbito local. Ou melhor, altera sim: faz crescer o isolamento do senador tucano Tasso Jereissati.

A decisão do PSB só corrobora com a tese de que a base progressista de sustentação do governo Lula deve ter, sim, dois candidatos viáveis ao Senado Federal. Não sei em que ponto isso facilita a reeleição de Tasso/PSDB ou, ainda, uma aliança das forças progressistas e de esquerda com o PSDB no Ceará.

Sem Ciro Gomes (PSB) candidato, o que ocorre é o inverso. As possibilidades de derrota para Tasso aumentam. Sem a força de um palanque nacional que crie confusão sobre sua relação histórica com o PSDB e o neoliberalismo, o senador tucano-neoliberal terá ainda mais dificuldades de reeleição, pois terá que se contentar com o palanque do Serra, candidato de Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente que "quebrou" por duas vezes o País e que tem baixíssima aceitação do povo cearense.

Outra leitura equivocada dos fatos é de que o PT, por conta da questão nacional aprofundada com o fato do PSB não ter candidato ao Planalto, estaria agora condicionado a "aceitar' apenas uma das posições na chapa majoritária. Como afirmei anteriormente, o palanque nacional que poderia ligar a candidatura da base progressista do governador Cid Gomes/PSB ao senador tucano (contradição sem precedentes e que acredito não passar pela cabeça do PSB) foi desfeito. Em minha opinião, Tasso acaba de perder mais uma batalha. Paciência é sempre uma boa conselheira nesses momentos.

Os motivos são muito simples. Primeiro: é o PT que está, pela segunda vez, abrindo mão de ter uma candidatura majoritária ao governo do Estado. Algo correto no objetivo nacional de consolidar o projeto democrático e popular aliado a superação do neoliberalismo e o fim da "era Tasso" nas terras patativenses.

O PT tem o presidente da República e terá a primeira presidenta desse País. Não será tarefa fácil, a elite brasileira jogará baixo para retomar o espaço perdido, mas não terá êxito em sua empreitada. Além disso, o PT governa 15 importantes cidades no Ceará. Dentre elas, a capital Fortaleza, Juazeiro, Barbalha, Cascavel e Acaraú. O partido está enraizado nos movimentos sociais, sindicais e populares. É, portanto, decisivo em qualquer processo político e, mais ainda, em uma eleição como a que vivenciaremos no outubro vindouro. Não é razoável para uma força com esse peso não ter a legitimidade de lançar um candidato ao senado e reivindicar a vaga de vice.

Outra questão: se não tivermos no bloco já citado dois candidatos para o senado (pra valer, não apenas por demarcação) só elegeremos um, facilitando a reeleição do anti-Lula e neoliberal Tasso Jereissati. Essa não é uma conta difícil de ser feita. E além de matemática, ela é política. Não acredito que Lula, PT, PSB, PCdoB, PMDB e as forças políticas e sociais que estão mudando o Brasil verdadeiramente irão cometer um erro histórico desses. Venho percebendo que algumas matérias na nossa mídia estão, reiteradas vezes, levantando essa tese sem que ninguém tenha defendido tamanho equívoco.

O PT Já ratificou o seu nome viável para o Senado e com amplas chances de vitória, o do ex-ministro José Pimentel, para colaborar com o governo Dilma. Além disso, ratificou também o compromisso de eleger um outro (Eunício-PMDB) aliado do governo Lula nesse bloco anti-neoliberalismo.

Um "laranja" nesse caso, sem força e sem viabilidade para compor a chapa ou lançar apenas um nome, entregando a eleição para o maior inimigo do governo Lula do PT/PSB e PCdoB seria, volto a repetir, um erro histórico. Não acredito que tem gente se iludindo com essa possibilidade, pois significa acreditar que a esquerda cearense jogaria sua história no ralo.

Antonio Carlos de Freitas Souza

*Vice-presidente do PT-Ceará

domingo, 25 de abril de 2010

Proletários de todo o mundo, uni-vos.



















Manifestante das barricadas tailandesas empunhando bandeira com a imagem de Che Guevara.

Chico Buarque em uma belíssima homanagem a Revolução dos Cravos.

A mídia não comenta, mas Cuba realiza eleições neste domingo

Para algumas pessoas no mundo deve ter soado um pouco estranho o anúncio do Conselho de Estado da República de Cuba de que no domingo 25 de Abril se efetuarão as eleições para delegados às 169 Assembleias Municipais do Poder Popular.

Por Juan Marrero, em Cuba Debate

Isso é perfeitamente compreensível, pois um dos componentes principais da guerra mediática contra a revolução cubana tem sido negar, escamotear ou silenciar a realização de eleições democráticas: as parciais, a cada dois anos e meio, para eleger delegados do conselho, e as gerais, a cada cinco, para eleger os deputados nacionais e integrantes das assembleias provinciais.

Cuba entra no seu décimo terceiro processo eleitoral desde 1976 com a participação entusiasta e responsável de todos os cidadãos com mais de 16 anos de idade. Nesta ocasião, são eleições parciais.

Com a tergiversação, a desinformação e a exclusão das eleições em Cuba da agenda informativa de cada um, os donos dos grandes meios de comunicação tentaram afiançar a sua sinistra mensagem de que os dirigentes em Cuba, a diferentes níveis, não são eleitos pelo povo.

Isso apesar de, felizmente, nos últimos anos, sobretudo depois da irrupção da internet, os controles midiáticos terem começado a se quebrar aceleradamente, e a verdade sobre a realidade de Cuba, nas eleições e noutros acontecimentos e temas, ter vindo à tona.

Não dar informação sobre as eleições em Cuba, nem da sua obra na saúde, educação, segurança social e outros temas, decorre de que os poderosos do mundo do capital temem a propagação do seu exemplo, à medida que vai ficando completamente clara a ficção de democracia e liberdade que durante séculos se vendeu ao mundo.

Apreciamos, no entanto, que o implacável passar do tempo é adverso aos que tecem muros de silêncio. Mesmo que ainda andem por aí alguns comentadores tarefeiros ou políticos defensores de interesses alheios ou adversos aos povos e que continuam a afirmar que “sob a ditadura dos Castro em Cuba não há democracia, nem liberdade, nem eleições”. Trata-se de uma ideia repetida frequentemente para honrar aquele pensamento de um ideólogo do nazismo, segundo o qual uma mentira repetida mil vezes poderia converter-se numa verdade.

À luz das eleições convocadas para o próximo dia 25 de Abril, quero apenas dizer-vos neste artigo, dentro da maior brevidade possível, quatro marcas do processo eleitoral em Cuba, ainda suscetíveis de aperfeiçoamento, que marcam substanciais diferenças com os mecanismos existentes para a celebração de eleições nas chamadas “democracias representativas”. Esses aspectos são: 1) Registo Eleitoral; 2) Assembleias de Nomeação de Candidatos a Delegados; 3) Propaganda Eleitoral; e 4) A votação e o escrutínio.

O Registro Eleitoral é automático, universal, gratuito e público. Ao nascer um cubano, ele não só tem direito a receber educação e saúde gratuitamente, como também, quando chega aos 16 anos de idade, automaticamente é inscrito no Registro Eleitoral.

Por razões de sexo, religião, raça ou filosofia política, ninguém é excluído. Nem se pertencer aos corpos de defesa e segurança do país. A ninguém é cobrado um centavo por aparecer inscrito, e muito menos é submetido a asfixiantes trâmites burocráticos como a exigência de fotografias, selos ou carimbos, ou a tomada de impressões digitais. O Registro é público, é exposto em lugares de massiva afluência do povo em cada circunscrição.

Todo esse mecanismo público possibilita, desde o início do processo eleitoral, que cada cidadão com capacidade legal possa exercer o seu direito de eleger ou de ser eleito. E impede a possibilidade de fraude, o que é muito comum em países que se chamam democráticos. Em todo o lado a base para a fraude está, em primeiro lugar, naquela imensa maioria dos eleitores que não sabe quem tem direito a votar.

Isso só é conhecido por umas poucas maquinarias políticas. E, por isso, há mortos que votam várias vezes, ou, como acontece nos Estados Unidos, numerosos cidadãos não são incluídos nos registos porque alguma vez foram condenados pelos tribunais, apesar de terem cumprido as suas penas.

O que mais distingue e diferencia as eleições em Cuba de outras são as assembleias de nomeação de candidatos. Noutros países, a essência do sistema democrático é que os candidatos surjam dos partidos, da competição entre vários partidos e candidatos.

Isso não é assim em Cuba. Os candidatos não saem de nenhuma maquinaria política. O Partido Comunista de Cuba, força dirigente da sociedade e do Estado, não é uma organização com propósitos eleitorais. Nem apresenta, nem elege, nem revoga nenhum dos milhares de homens e mulheres que ocupam os cargos representativos do Estado cubano. Entre os seus fins nunca esteve nem estará ganhar lugares na Assembleia Nacional ou nas Assembleias Provinciais ou Municipais do Poder Popular.

Em cada um dos processos celebrados até à data foram propostos e eleitos numerosos militantes do Partido, porque os seus concidadãos os consideraram pessoas com méritos e aptidões, mas não devido à sua militância.

Os cubanos e as cubanas têm o privilégio de apresentar os seus candidatos com base nos seus méritos e capacidades, em assembleias de residentes em bairros, demarcações ou áreas nas cidades ou no campo. De braço no ar é feita a votação nessas assembleias, de onde resulta eleito aquele proposto que obtenha maior número de votos. Em cada circunscrição eleitoral há varias áreas de nomeação, e a Lei Eleitoral garante que pelo menos 2 candidatos, e até 8, possam ser os que aparecem nos boletins para a eleição de delegados do próximo dia 25 de Abril.

Outra marca do processo eleitoral em Cuba é a ausência de propaganda custosa e ruidosa, a mercantilização que está presente noutros países, onde há uma corrida para a obtenção de fundos ou para privilegiar uma ou outra empresa de relações públicas.

Nenhum dos candidatos apresentados em Cuba pode fazer propaganda a seu favor e, obviamente, nenhum necessita de ser rico ou de dispor de fundos ou ajuda financeira para se dar a conhecer. Nas praças e nas ruas não há ações a favor de nenhum candidato, nem manifestações, nem carros com alto-falantes, nem cartazes com as suas fotografias, nem promessas eleitorais; na rádio e na televisão também não; nem na imprensa escrita.

A única propaganda é executada pelas autoridades eleitorais e consiste na exposição em lugares públicos na área de residência dos eleitores da biografia e fotografia de cada um dos candidatos. Nenhum candidato é privilegiado sobre outro. Nas biografias são expostos méritos alcançados na vida social, a fim de que os eleitores possam ter elementos sobre condições pessoais, prestígio e capacidade para servir o povo de cada um dos candidatos e emitir livremente o seu voto pelo que considere o melhor.

A marca final que queremos comentar é a votação e o escrutínio público. Em Cuba não é obrigatório o voto. Como estabelece o Artigo 3 da Lei Eleitoral, é livre, igual e secreto, e cada eleitor tem direito a um só voto. Ninguém tem, pois, nada que temer se não for ao seu colégio eleitoral no dia das eleições ou se decidir entregar o seu boletim em branco ou anulá-lo. Não acontece como em muitos países onde o voto é obrigatório e as pessoas são compelidas a votarem para não serem multadas, ou serem levadas a tribunal ou até para não perderem o emprego.

Enquanto noutros países, incluindo os Estados Unidos, a essência radica em que a maioria não vote, em Cuba garante-se que quem o deseje possa fazê-lo. Nas eleições efetuadas em Cuba desde 1976 até à data de hoje, em média, 97% dos eleitores foram votar. Nas últimas três, votaram mais de 8 milhões de eleitores.

A contagem dos votos nas eleições cubanas é pública, e pode ser presenciada em cada colégio por todos os cidadãos que o desejem fazer, inclusive a imprensa nacional ou estrangeira. E, para além disso, os eleitos só o são se alcançam mais de 50% dos votos válidos emitidos, e eles prestam contas aos seus eleitores e podem ser revogados a qualquer momento do seu mandato.

Aspiro simplesmente a que, com estas marcas agora enunciadas, um leitor sem informação sobre a realidade cubana responda a algumas elementares perguntas, como as seguintes: onde há maior transparência eleitoral e maior liberdade e democracia? Onde se obtiveram melhores resultados eleitorais: em países com muitos partidos políticos, muitos candidatos, muita propaganda, ou na Cuba silenciada ou manipulada pelos grandes meios, monopolizados por um punhado de empresas e magnatas cada vez mais reduzido?

E aspiro, para além disso, a que pelo menos algum dia, cesse na grande imprensa o muro de silêncio que se levantou sobre as eleições em Cuba, tal como em outros temas como a obra na saúde pública e na educação, e isso possa ser fonte de conhecimento para outros povos que merecem um maior respeito e um futuro de mais liberdades e democracia.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Viva a Revolução. 25 de Abril aniversário da Revolução dos Cravos.

O coro reacionário regido pelo FMI contra o crescimento do Brasil

O coro reacionário regido pelo FMI contra o crescimento do Brasil
O Brasil corre o risco de crescer acima da capacidade e acelerar o processo inflacionário, de acordo com a opinião divulgada quarta-feira (21) pelo chefe da Divisão de Estudos da Economia Mundial do Fundo Monetário Internacional (FMI), Petya Koeva Broks. O remédio seria apertar o cinto: aumentar os juros e o superávit fiscal, além de eliminar os estímulos fiscais concedidos à indústria para combater a crise. Em poucas palavras, a economia nacional estaria precisando de uma dieta recessiva.
Por Umberto Martins

O FMI não é o primeiro a fazer tal diagnóstico. Há poucos dias, o economista tucano Luiz Carlos Mendonça de Barros (que presidiu o BNDES e liderou a escandalosa privatização das teles no governo FHC), se confessou “assustado” com o crescimento e afirmou que a demanda está subindo mais do que a produção, pressionando os preços. Na verdade, há um coro afinado e reacionário fazendo alarme e mesmo terrorismo com o avanço do consumo e cobrando medidas para frear o desenvolvimento.

Juros provavelmente subirão

A primeira dessas medidas será o aumento das taxas básicas de juros (Selic). Pelo andar da carruagem, já são favas contadas a elevação da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, convocada para a próxima terça-feira, 27 de abril. O mercado aposta numa alta de 0,75% e, a menos que ocorra uma forte mobilização contra, a previsão tende a se transformar em realidade, com os juros básicos subindo para 9,75%.

Também avultam as pressões por um superávit primário maior, através de cortes nos investimentos e gastos públicos, além do fim das desonerações fiscais concedidas pelo governo Lula para combater a recessão exportada pelos EUA. Juros mais altos e redução das despesas do Estado inibem o crescimento da economia e seriam indispensáveis, neste momento, para exorcizar o fantasma da inflação, a julgar pelo FMI.

Redistribuição perversa da renda

A inflação é um mal que produz uma redistribuição perversa da renda nacional, favorecendo os especuladores e castigando principalmente os segmentos mais pobres e vulneráveis da classe trabalhadora, como disse o presidente Lula. Não é prudente menosprezar seus efeitos, mas parece estar ocorrendo um exagero deliberado na abordagem do tema pelas forças conservadoras, saudosas do desempenho medíocre da economia no governo neoliberal de FHC (o PIB subiu em média menos de 2% ao ano entre 1988 e 2002).

Ocorreu de fato uma aceleração da inflação nos primeiros meses deste ano, mas ainda é cedo para afirmar que isto constitui uma tendência irreversível de descontrole dos preços. Muitos especialistas atribuem o fenômeno a causas sazonais, incluindo as chuvas que afetaram negativamente a oferta de alimentos, que formam a categoria de produtos mais atingida pela alta dos preços. Em março os índices registram uma desaceleração da inflação.

Valorização do trabalho

O aumento do consumo em todo o país reflete a recuperação da renda, com destaque para o aumento do salário mínimo, e do emprego. Frear o crescimento significa aumentar o nível de desemprego e arrochar salários ou, no mínimo, impedir a recuperação da renda do trabalho. Trata-se de uma opção reacionária, que além de afrontar os interesses da classe trabalhadora contraria também os interesses maiores da nação.

A modesta valorização da força do trabalho fortaleceu o mercado interno e foi um fator fundamental para amortecer os impactos da crise. Convém lembrar que os setores da economia que dependem exclusiva ou predominantemente do mercado doméstico para sobreviver (comércio, serviços e certos ramos da indústria) não chegaram a entrar em recessão.

Crise do desenvolvimento

Vergado sob a crise da dívida externa, o Brasil vegetou durante mais de 20 anos na semi-estagnação, crescendo cerca de 2,2% ao ano em média entre 1980 e 2003 e permanecendo com a renda per capita estagnada. Perdeu terreno na corrida do desenvolvimento desigual, não só para os países asiáticos, e teve a taxa de desemprego multiplicada por três, além de uma forte depreciação da força de trabalho. Recorde-se que o PIB brasileiro cresceu em média 7,1% desde o pós-guerra até 1980.

A participação dos salários no PIB recuou de mais de 50% no início dos anos 80 do século passado para algo em torno de 36% em 2002. O período de baixo crescimento, que o economista Marcio Polchmann classificou de “crise do desenvolvimento”, criou um cenário de degradação social que foi o pano de fundo da eleição de Lula e derrota do Zé Serra em 2002. O presidente assumiu com o compromisso de mudar o jogo, o que em certa medida de fato está ocorrendo, apesar de certo viés neoliberal da política econômica.

A partir de 2004, já sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a nação parece ter redescoberto os valores e o caminho do desenvolvimento, embora ainda não esteja prosperando no mesmo ritmo do passado e esteja também muito distante do crescimento asiático e, em especial, da China. Neste ano, se o Banco Central não atrapalhar, é bem provável que o PIB avance mais de 6%.

Concepções reacionárias

Nosso país já pratica as mais altas taxas de reais de juros do mundo. É uma insensatez manter a política monetária conservadora do BC e elevar ainda mais a Selic. É preciso combater as concepções de que o Brasil está condenado à estagnação. A China cresce mais de 9% ao ano em média, a Índia, entre 7% a 8%. Foi o crescimento da produção que transformou a China na segunda potência econômica do planeta. A ideia de que não podemos avançar no mesmo ritmo dos países asiáticos e temos de nos contentar em ficar eternamente para trás contraria os interesses nacionais.

Se o consumo aumenta é preciso tomar medidas para estimular e ampliar a produção e, consequentemente, a oferta para preservar a estabilidade da moeda. É possível combater a inflação com crescimento da economia em vez de recessão. Quem tem interesse em sabotar o desenvolvimento nacional são as potências capitalistas (EUA e União Europeia, principalmente) que, em franca decadência, temem a concorrência dos chamados emergentes. O FMI sempre esteve a serviço desses interesses e é por isto que assume o papel de regente do coro reacionário contra o crescimento do Brasil.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Por que a Folha mente .

As elites de um país, por definição, consideram que representam os interesses gerais do mesmo. A imprensa, com muito mais razão, porque está selecionando o que considera essencial para fazer passar aos leitores, porque opina diariamente em editoriais – e em matérias editorializadas, que não separam informação de opinião, cada vez mais constantes – sobre temas do país e do mundo.

Emir Sader *

A FSP, como exemplo típico da elite paulistana, é um jornal que passou a MENTIR abertamente, em particular desde o começo do governo Lula. Tendo se casado com o governo FHC – expressão mais acabada da elite paulistana -, a empresa viveu mal o seu fracasso e a vitória de Lula. Jogou-se inteiramente na operação “mensalão”, desatada por uma entrevista de uma jornalista tucana do jornal, que eles consideravam a causa mortis do governo Lula, da mesma forma que Carlos Lacerda, na Tribuna da Imprensa, se considerava o responsável pela queda do Getúlio.

Só que a história se repetiria como farsa. Conta-se que, numa reunião do comitê de redação da empresa, Otavio Frias Filho – herdeiro da empresa dirigida pelo pai -, assim que Lula ganhou de novo em 2006, dava voltas, histérico, em torno da mesa, gritando “Onde é que nós erramos, onde é que nós erramos”, quando o candidato apoiado pela empresa, Alckmin, foi derrotado.

O jornal entrou, ao longo da década atual, numa profunda crise de identidade, forjada na década anterior, quando FHC apareceu como o representante mor da direita brasileira, foi se isolando e terminou penosamente como o político mais rejeitado do país, substituído pelo sucesso de Lula. Um presidente nordestino, proveniente dos imigrantes, discriminados em São Paulo, apesar de construir grande parte da riqueza do estado de que se apropria a burguesia. Derrotou àquele que, junto com FHC, é o político mais ligado à empresa – Serra -, que sempre que está sem mandato reassume sua coluna no jornal, fala regularmente com a direção da empresa, aponta jornalistas para cargos de direção – como a bem cheirosa jornalista brasiliense, entre outros – e exige que mandem embora outros, que ele considera que não atuam com todo o empenho a seu favor.

O desespero se apoderou da direção do jornal quando constatou não apenas que Lula sobrevivia à crise manipulada pelo jornal, como saía mais forte e se consolidava como o mais importante estadista brasileiro das últimas décadas, relegando a FHC a um lugar de mandatário fracassado. O jornal perdeu o rumo e passou a atuar de forma cada vez mais partidária, perdendo credibilidade e tiragem ano a ano, até chegar à assunção, por parte de uma executiva da empresa, de que são um partido, confissão que não requer comprovações posteriores. Os empregados do jornal, incluídos todos os jornalistas, ficam assim catalogados como militantes de um partido (tucano, óbvio) político, perdendo a eventual inocência que podiam ainda ter. Cada edição do jornal, cada coluna, cada notícia, cada pesquisa cada editorial, ganharam um sentido novo: orientação política para a (debilitada, conforme confissão da executiva) oposição.

Assim, o jornal menos ainda poderia dizer a verdade. Já nunca confessou a verdade sobre a conclamação aberta à ditadura e o apoio ao golpe militar em 1964 – o regime mais antidemocrático que o país já teve -, do que nunca fez uma autocrítica. Menos ainda da empresa ter emprestado seus carros para operações dos órgãos repressivos do regime de terror que a ditadura tinha imposto, para atuar contra opositores. Foi assim acumulando um passado nebuloso, a que acrescentou um presente vergonhoso.

Episódios como o da “ditabranda”, da ficha falsa da Dilma, da acusação de que o governo teria “matado” (sic) os passageiros do avião da TAM, o vergonhoso artigo de mais um ex-esquerdista que o jornal se utiliza contra a esquerda, com baixezas típicas de um renegado, contra o Lula, a manipulação de pesquisas, o silêncio sobre pesquisas que contrariam as suas (os leitores não conhecem até hoje, a pesquisa da Vox Populi, que contraria a da FSP que, como disse um colunista da própria empresa, era o oxigênio que o candidato do jornal precisava, caso contrário o lançamento da sua candidatura seria “um funeral” (sic). Tudo mostra o rabo preso do jornal com as elites decadentes do país, com o epicentro em São Paulo, que lutam desesperadamente para tentar reaver a apropriação do governo e do Estado brasileiros.

Esse desespero e as mentiras do jornal são tanto maiores, quanto mais se aprofunda a diminuição de tiragem e a crise econômica do jornal, que precisa de um presidente que tenha laços carnais com a empresa e teria dificuldades para obter apoios de um governo cuja candidata é a atacada frontalmente todos os dias pelo jornal.

Por isso a FOLHA MENTE, MENTE, MENTE, DESESPERADAMENTE. Mentirá no fim de semana com nova pesquisa, em que tratará de rebater, com cifras manipuladas – por exemplo, como sempre faz, dando um peso desproporcional a São Paulo em relação aos outros estados -, a irresistível ascensão de Dilma, que tratará de esconder até onde possa e demonstrar que o pífio lançamento de Serra o teria catapultado às alturas. Ou bastaria manter a seu candidato na frente, para fortalecer as posições do partido que dirigem.

Mas quem acredita na isenção de uma pesquisa da Databranda, depois de tudo o que jornal fez, faz e fará, disse, diz e dirá, como partido assumido de oposição? Ninguem mais crê na empresa da família Frias, só mesmo os jornalistas-militantes que vivem dos seus salários e os membros da oposição, com a água pelo pescoço, tentando passar a idéia de que ainda poderiam ganhar a eleição.

Alertemos a todos, sobre essa próxima e as próximas mentiras da Folha, partido da oposição, partido das elites paulistas, partido da reação conservadora que quer voltar ao poder no Brasil, para mantê-lo como um país injusto, desigual, que exclui à maioria da sua população e foi governado para um terço e não para os 190 milhões de habitantes.

Por isso a FOLHA MENTE, MENTE, MENTE, DESESPERADAMENTE.

* Artigo publicado no "Blog do Emir" em 16/04/2010.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Quanto aos índios que mataram... ah! ninguém pôde contar.








































Fotos José Albano
Quinhentos Anos de Que?

Belchior

Composição: Belchior/Eduardo Larbanois

Eram três as caravelas
que chegaram alem d`alem mar.
e a terra chamou-se América
por ventura? por azar?

Não sabia o que fazia, não,
D. Cristóvão, capitão.
Trazia, em vão, Cristo em seu nome
e, em nome d`Ele, o canhão.

Pois vindo a mando do Senhor
e de outros reis que, juntos,
reinam mais...
bombas, velas não são asas
brancas da pomba da paz.

Eram só três caravelas...
e valeram mais que um mar
Quanto aos índios que mataram...
ah! ninguém pôde contar.

Quando esses homem fizeram
o mundo novo e bem maior
por onde andavam nossos deuses
com seus Andes, seu condor ?

Que tal a civilização
cristã e ocidental...
Deploro essa herança na língua
que me deram eles, afinal.

Diz, América que es nossa.
só porque hoje assim se crê
Há motivos para festa?
Quinhentos anos de que?

sexta-feira, 16 de abril de 2010

PT e PSDB: a história já tratou de separá-los.



Tratar, achar, desejar que PSDB e PT sejam as mesmas coisas ou semelhantes, e pior, se unam sob o argumento de que suas diferenças não existem de fato é uma das hipóteses mais sem nexo que tenho escutado nos últimos anos no mundo da política. No meu próprio partido, inclusive, felizmente já há bastante tempo e de maneira isolada, havia gente simpática a esta ilusão. E explico porque é uma ilusão.
PT e PSDB não resguardam nenhuma semelhança ou afinidade nem mesmo programática como sugeriram alguns. Em minha opinião, programa se conhece em sua aplicabilidade e é neste ponto que as diferenças só aumentam. Parece-me que querer conciliar o inconciliável - falo do cenário nacional, não apenas da conjuntura estadual - também é uma maneira de não se resolver contradições (inclusive na esquerda) que, no plano geral, vêm sendo superadas com algumas questões regionais ainda pendentes. Nossa cultura de não fortalecer partidos e sim personalidades colaboram para não se politizar esse debate. Em 2010 ganha mais força o debate de programas e isso é um salto de qualidade delineador de posições e projetos.
No vácuo de poder da "nova república" das elites brasileiras e depois da aventura "Collor" precisando de um verniz "progressista” (não de esquerda), o neoliberalismo e o capital internacional com seus sócios menores e submissos no Brasil utilizaram-se de um partido "social democrata" desfigurado, com alguns intelectuais progressistas, sem base social ou de trabalhadores (as) para aplicar o modelo neoliberal. Privatizações, desmonte do Estado, demissão de servidores, "estado mínimo", endividamento interno e externo, repressão aos movimentos sociais (MST, Greve dos petroleiros etc.) e aliança com a direita mais conservadora do País à época; PFL, hoje DEM. Gostaria que alguém, em sã consciência, me dissesse o que é que isso tem a ver com o programa do Governo Lula/PT e aliados em seus oito anos de prática. Nada, nada, absolutamente nada.
Essa “direitização” da "social democracia" já vinha acontecendo no plano internacional, através de seus governos na Europa e em outras regiões do planeta que já se rendiam ao neoliberalismo ainda no final dos anos 80. A contradição é tamanha que Tasso Jereissati(mega-empresário), mesmo sem nunca ter lido qualquer linha sobre a Segunda Internacional e seu racha (a chamada Segunda e meia, de onde se originou a Social Democracia) pulou do barco do governo Sarney e estava em dúvida entre apoiar Collor (PRN/globo/direita brasileira) ou Mário Covas e seu choque de capitalismo, optou pela “social-democracia”. Que dúvida cruel.
De onde e desde quando Tasso Jereissati teve alguma relação com ideologia progressista? O PSDB é, sim, um rebaixamento da social-democracia. Por essas e outras que PT e PSDB são duas coisas totalmente diferentes, seja no Ceará ou no restante do Brasil.
Quando se tenta, em um malabarismo intelectual ou político impossível como a união entre água e fogo, fica nítido o objetivo de se evitar o inevitável: o afloramento das contradições entre projetos que logo mais virá à tona. Se quisermos continuar construindo um Brasil cada vez mais justo, igualitário e verdadeiramente democrático é necessário que o debate dessas contradições aconteça. O tempo da política, eleitoral ou não, deve ser o tempo da resolutividade das suas contradições.
Quem vê PSDB e PT com os mesmos olhos, como forças conciliáveis e próximas (seja de que ângulo for, dentro ou fora do PT, acadêmico, sociológico ou filosófico), ou ainda, quem resume tratar-se apenas de uma disputa política paulista, mantém a ilusão de tentar unir o que a própria história já tratou de separar. Neoliberalismo (PSDB/DEM e as elites) e o projeto Democrático e Popular (PT/PSB/PCdoB/PMDM e o povo) e demais aliados que estão ajudando a reconstruir o Brasil e o Ceará logicamente depois da avalanche neoliberal.

Antonio Carlos de Freitas Souza
Vice-presidente do PT-Ceará

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quem realmente está precisando de maracugina?




Não sei se está precisando de “maracugina” mas, certamente, a esta altura do campeonato, o senador Tasso Jereissatti ("todo poderoso" aliado de FHC/Serra que trouxe a estas terras patativenses a “modernidade” neoliberal) está perdendo umas horinhas de sono.
Afinal, apesar dessa “modernidade” praticada em um período de quase 20 anos de poder, ela não concretizou-se, entre outras coisas, em sequer um hospital de urgência e emergência de gestão estadual em todo o Ceará. É muito fácil agora posarem os neoliberais alencarinos de defensores dos fracos e dos oprimidos usando a “tropa de choque tucana” para criticar (que ironia) o único hospital com essas características no Ceará, o nosso Frotão (maior hospital de gestão municipal do País).
Caminhando célere para a derrota da sua bancada, o PSDB tenta se salvar em uma aliança impossível com Cid-PSB, impossível por fatores óbvios das conjunturas estadual e nacional. Fora a bancada, Serra e FHC exigiram que Tasso faça a campanha dos privatistas Serra/FHC/Aécio/Agripino e de toda a turma do "MAL” (Movimento anti-Lula).
Cid-PSB fora dessa movimentação (da turma anti-Lula) significa Eunício e Pimentel eleitos para o senado e adeus à reeleição do homem que prometeu “mudar o Ceará, acabar com a miséria, a concentração de renda e a desigualdade”. Os indicadores sociais do nosso estado não corresponderam às promessas daqueles que substituíram “os coronéis” (página também infeliz da nossa história) pregando a “modernidade” neoliberal que nos levaria ao “futuro grandioso” da nova ordem mundial. Foi isso que prometeram no já distante ano de 1986. Prometeram e "mitificaram" Tasso numa forte campanha midiática que, aliás, é uma das explicações da ainda inegável força (mesmo em declínio) que detém o senador “tucano”, sobretudo no interior.
O resto da história todo mundo já sabe. O que realmente aconteceu foi a versão cearense do modelo aplicado anos depois por FHC/PSDB/DEM: privatização, demissão de servidores, perseguição ao movimento social, estado mínimo para o povo e máximo para os negócios de uma minoria elitista e anti-povo.
Não houve nada de bom? Diante do resultado geral e de quase 20 anos (não falo de um ou dois governos, só Tasso governou por três mandatos) de neoliberalismo no Ceará, pode-se dizer que muito pouco diante do saldo social negativo como o inchaço de Fortaleza, o abandono do campo e a desigualdade social marcante em nossa terra.
Cid-PSB no plano estadual é o início da superação desse tempo passado. Assim como a eleição de Luizianne em 2004, a consolidação da sua força política e da gestão de Fortaleza alinhada ao governo Lula. Cid Gomes-PSB não comprometerá o futuro da nossa terra tão sofrida, com sua história correta e séria - progressista na vida política - para trazer esse passado de volta e salvar seu maior símbolo bancando sua reeleição. Creio que não.
Tasso - e aqui não trato de forma pessoal, mas política - é o maior símbolo e talvez seja realmente o "maior político vivo não só do Ceará, mas do Brasil" em termos de oposição ao Lula e seu governo, ao PT e as forças progressistas e de esquerda que estão mudando verdadeiramente o Brasil e reconstruindo o Ceará depois da avalanche neoliberal.


Antonio Carlos de Freitas Souza
Vice-presidente PT-Ceará

terça-feira, 13 de abril de 2010

Cid Gome-PSB cada vez mais ajudanto a construir o projeto Democrático e Popular de superação do neoliberalismo.












Dilma Rousseff, Cid Gomes e José Eduardo Dutra.

O PT unido na consolidação do projeto Democrático e Popular.

















Com a comitiva anti-neoliberalismo. Companheiros(as) Moacir Tavares, Luizianne Lins, José Pimentel, José Eduardo Dutra, Dilma Rousseff e José Guimarães.

Construindo um novo Brasil justo e democrático. Com as forças dessas Fortalezas do nosso povo.

















Com as companheiras prefeita Luizianne Lins e a ex-ministra Dilma Rousseff no "aeroporto velho"da capital cearense.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A coerência do PT cearense









Sinceridade em política não faz mal nenhum

Enquanto a candidatura nacional do PSDB é lançada - a de José Serra à Presidência da República, no fim de semana (sábado) em Brasília - a situação do PSDB e dos partidos de oposição no Ceará está mais indefinida do que nunca.

Em uma curiosa convergência que consegue apontar entre o seu PSDB e o PT, o presidente da legenda tucana no Ceará, Marco Penaforte, afirma que está descartada a possibilidade de o partido apoiar a reeleição do governador Cid Gomes (PSB) caso os petistas também estejam na aliança.

"Nesse ponto, nós e o PT concordamos. Ambos queremos ver o outro do outro lado", afirmou Penaforte ao jornal O Povo de Fortaleza. "A presença do PT na coligação inviabiliza nossa presença". Penaforte, na verdade, retruca a declaração do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de que faltaria apenas "alguns arranjos" para fechar a aliança PSB-PSDB pró-Cid.



A coerência do PT cearense

Para ser bem objetivo, Cid Gomes não depende dessa coligação para se reeleger. Mas os deputados estaduais e federais tucanos cearenses, sim, além do fato de a coligação ajudar, também, a reeleição esse ano do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Ora, não critiquem nosso partido pelo acerto de sua decisão e não ponham a culpa nem invoquem o PT como pretexto da não adesão dos tucanos cearenses a Cid Gomes! O PT está na aliança de apoio à reeleição de Cid porque apoiou seu governo. Simplesmente, uma questão de coerência..
Um pouco de sinceridade em politica não faz mal nenhum. Pelo contrário, faz até muito bem.

Do blog do Zé Dirceu em 12/04/10

domingo, 11 de abril de 2010

Quem salvará Tasso Jereissati?













Há alguma dúvida que o projeto neoliberal vem sendo derrotado e com ele seus símbolos e representantes? Quem tem alguma ilusão contrária é bom refazer suas avaliações, o projeto popular sintetizado nos dois governos Lula, será vitorioso eleitoralmente em 2010. Sem arrogância ou soberba, mas realisticamente falando, salvo uma “hecatombe” pouco provável a essa altura Dilma será eleita a próxima presidente (a) do Brasil.

O PSDB caminha célere para uma situação de derrota acachapante, que terá reflexos importantes inclusive nos estados onde os neoliberais ainda possuem relativa força como São Paulo e Minas Gerais. O DEM - ex-PFL já está em seu ocaso, não perderei tempo com uma análise mais detalhada da débâcle da “mais direitista” agremiação política do nosso espectro partidário.

No Ceará a derrota do PSDB e aliados é mais acentuada, na capital nunca obtiveram êxito, no interior vem perdendo espaço para a base aliada progressista do governo Lula. Obvio que participam como coadjuvantes do governo Cid, não fizeram parte da aliança que elegeu Cid, Inácio e deu uma votação esmagadora para Lula no Ceará.

As notícias dão conta que Tasso e o partido da qual faz parte, o carro-chefe do neoliberalismo brasileiro e líder do bloco anti-Lula (PSDB) quer agora compor a aliança para a reeleição de Cid Gomes-PSB. Por qual motivo? O que está acontecendo? Muito simples estão derrotados politicamente, pela conjuntura nacional, pelo avanço da esquerda no âmbito local. A derrota eleitoral é iminente, atentem que principalmente para sua chapa proporcional, reduzirão cadeiras na Assembléia Legislativa, Câmara federal e Senado óbvio (nesse caso tarefa difícil, mas não impossível, depende da unidade da base aliada do governo Lula)

É na possibilidade de trazer Cid para o passado em decadência e o colocá-lo contra o novo Brasil que surge, contra o PT e seus aliados e a próxima presidenta do país que buscam sua tábua de salvação. Não creio que Cid cometerá tamanho equivoco, na minha modesta opinião é ai que reside o diferencial em consolidar-se ou passar por turbulências prejudiciais a sua busca da reeleição e mesmo de um retrocesso no Ceará que ao invés de “um salto” para além do neoliberalismo que Tasso implementou no Ceará servindo inclusive de modelo para a tragédia que se anunciava no plano nacional em meados dos anos 80. É bom registrar que com muita resistência popular.

Não será o PT que salvará Tasso (não acho didático separá-lo do PSDB) e os que com ele de sã consciência sabem da iminente derrota que sofrerão junto com os privatistas e elitistas representantes da alta-burguesia nacional simbolizados na candidatura de Serra.

A pá de cal na composição política em que a direita “se utilizou” de setores ditos “social-democratas”(se não estou enganado nesse período Tasso ainda vacilou entre Collor e Covas, às vezes minha memória falha), para se unificar no vácuo de poder com “Nova República” será dada em outubro deste ano.

Muitos pularão do barco, outros “afundarão com ele”. Alguns nadarão por sinceridade e auto-crítica para o barco do povo e de um novo Brasil, democrático, justo e soberano que começa a nascer, sem apego ao passado serão bem vindos. Não se faz política e muito menos a história (pelo menos não deve ser feita) com ódio, vingança e ressentimentos.

O governo Cid e o atual quadro político simbolizam essa disputa entre as forças da base aliada do governo Lula que no Ceará unificado anotem, elegerão os dois senadores. Além de Cid é claro e uma bancada comprometida com o novo momento que vive o país.

Talvez seja essa “bóia” que querem ao mar os neoliberais para sua salvação, a dos interesses de uma bancada que ensaiou abandonar o barco “tucano” (perdeu o time) e o seu elemento unificador o senador Tasso, já que a ideologia, o modelo, personagens, a descrença e o medo que plantaram já foram derrotados no plano nacional, dando lugar faz um bom tempo à esperança.

No Brasil não voltarão, no Ceará, espero que não. Com a palavra, os agentes políticos nesse processo, mas a decisão final estará com o povo que em outubro imporá sua decisão diante das opções que fizermos até as convenções de junho. Posso está errado, mas só uma dica, tem sido pela esquerda o caminho trilhado nos últimos tempos pelo povo brasileiro.

Antonio Carlos de Freitas Souza

Vice-presidente do PT- Ceará

Centrais sindicais fecham apoio a Dilma e a Mercadante


Classe trabalhadora assumiu candidatura da ex-ministra, diz Lula


"Dilma, a classe trabalhadora brasileira acaba de assumir sua candidatura", afirma o presidente

Cinco centrais sindicais brasileiras -- Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), e União Geral dos Trabalhadores (UGT) -- declararam apoio a ex-ministra Dilma Rousseff, pré candidata do PT à presidência da República, e ao senador Aloízio Mercadante, pré-candidato do partido ao governo de São Paulo.

"É a primeira vez na história que a gente sai com uma aliança tão ampla, apoiado pelas centrais sindicais do Brasil, tanto a candidatura da Dilma à presidência, quanto a minha ao governo de São Paulo", comemorou Mercadante.

As entidades estiveram junto com a ex-ministra da Casa Civil e o senador na manhã deste sábado (10),em ato na Sewde do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, que divulgou estudo do Dieese sobre emprego e qualificação profissional.

“Um dos desafios dos trabalhadores é impedir o retrocesso”, afirmou Artur Henrique, presidente da CUT, logo após fazer uma comparação entre os oito anos do governo tucano de FHC e o governo Lula. Sobre São Paulo, Artur disse que "chegou a hora de acabar com o autoritarismo”, em crítica ao governo tucano de José Serra.

“Serra nunca gostou de trabalhador”, alfinetou Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, lembrando que os servidores públicos, especialmente professores, nunca conseguiram uma negociação com o governo do PSDB.

“Nosso lado é o do crescimento com emprego e não o da doação do patrimônio público”, criticou Wagner Gomes, presidente da CTB, sobre a política de privatização do governo do PSDB.

O presidente Lula ficou bastante satisfeito com a manifestação. "Dilma, a classe trabalhadora brasileira acaba de assumir sua candidatura", afirmou o presidente da República olhando para a ex-ministra

Dilma agradeceu o apoio e prometeu que não abre mão de seus princípios, não desrespeita a riqueza nacional e respeita e reconhece os movimentos sociais

sábado, 10 de abril de 2010

Plebe Rude. Até quando esperar. Muito bom.

PT planeja mobilizar 200 mil para a disputa presidencial na web

O PT vai pôr um exército de 200 mil filiados na internet, na primeira etapa da campanha de Dilma Rousseff, com a tarefa de convencer os eleitores a votar na favorita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O cálculo tem como referência o número de cadastrados na rede de e-mails do partido, para quem a cúpula petista enviou mensagens nesta semana, convocando todos a atuarem como guerrilheiros da blogosfera.

A campanha via web é considerada decisiva pelo PT. Dilma agora terá um Twitter, seguindo os passos do ex-governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB ao Planalto. "Eu uso bem essa ferramenta há um bom tempo. Acho o Twitter essencial", disse Serra.

Dilma e Serra travaram, neste sábado (10), uma guerra virtual. Enquanto 20 computadores estavam disponíveis no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília, para apresentar as mídias sociais do PSDB — como Facebook, Twitter e YouTube —, no lançamento da pré-candidatura de Serra, o portal do PT transmitiu ao vivo o ato em São Bernardo do Campo com Dilma e Lula em defesa do emprego.

O ex-diretor da Campus Party Brasil, Marcelo Branco, vai coordenar a campanha de Dilma na rede. Segundo ele, internautas serão municiados com informações sobre o governo Lula para se contrapor aos críticos do PT. "Não entraremos no jogo da baixaria, de quem não tem proposta", afirmou Branco.

A disputa plebiscitária entre Dilma e Serra, sonhada por Lula, será levada às comunidades oficiais criadas em blogs, no Orkut e Facebook. Integrada por profissionais que cuidaram, em 2008, da campanha pela internet do então candidato à Presidência dos EUA, Barack Obama, a equipe de Dilma vai pôr na rede dados comparativos entre o governo Lula e o de Fernando Henrique Cardoso.

O Brasil tem hoje 52 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos, mais de um quarto da população. A juventude é alvo de todos os discursos de Dilma

Discurso na íntegra de Dilma Roussef para os sindicalistas em São Bernado do Campo hoje.

A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, deixou claros seus princípios neste sábado (10) durante o Encontro em Defesa do Trabalho Decente no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.

A ministra disse aos trabalhadores que não trairá a nação, não fugirá das dificuldades, não esmorecerá diante dos problemas, não apelará para baixarias durante o embate político, não entregará o patrimônio e a riqueza da nação e sempre respeitará os movimentos sociais e sindicais.

A ministra fez questão de frisar cada um desses pontos e disse que acabou o tempo dos exterminadores do futuro e daquele país triste e deprimido dos tempos de FHC.

“Aquele país triste, deprimido e do desemprego ficou pra trás com Lula. Esse país pode mais e nós criamos as condições pra que ele pudesse mais, o Brasil não quer mais a estagnação. Acabou o tempo dos exterminadores do emprego e dos exterminadores do futuro”, discursou.

Confira abaixo íntegra da parte principal do discurso de Dilma:

Companheiros e Companheiras do ABC.

Estou aqui hoje e quero aproveitar este momento para me identificar com maior clareza. Os da oposição precisam dizer quem são. Vocês sabem quem eu sou, e vão saber ainda mais. O que eu fiz, o que planejo fazer e, uma coisa muito importante, o que eu não faço de jeito nenhum. Por isso gostaria de dizer que:

1 Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, ser maltratada, mas estou sempre firme com minhas convicções. Em cada época da minha vida, fiz o que fiz por acreditar no que fazia. Só segui o que a minha alma e o meu coração mandavam. Nunca me submeti. Nunca abandonei o barco.

2 Eu não sou de esmorecer. Vocês não me verão entregando os pontos, desistindo, jogando a toalha. Vou lutar até o fim por aquilo em que acredito. Estarei velhinha, ao lado dos meus netos, mas lutando sempre pelos meus princípios. Por um País desenvolvido com oportunidades para todos, com renda e mobilidade social, soberano e democrático;

3 Eu não apelo. Vocês não verão Dilma Rousseff usando métodos desonestos e eticamente condenáveis para ganhar ou vencer. Não me verão usando mercenários para caluniar e difamar adversários. Não me verão fazendo ou permitindo que meus seguidores cometam ataques pessoais a ninguém. Minhas críticas serão duras, mas serão políticas e civilizadas. Mesmo que eu seja alvo de ataques difamantes.

4 Eu não traio o povo brasileiro. Tudo o que eu fiz em política sempre foi em defesa do povo brasileiro. Eu nunca traí os interesses e os direitos do povo. E nunca trairei. Vocês não me verão por aí pedindo que esqueçam o que afirmei ou escrevi. O povo brasleiro é a minha bússola. A eles dedico meu maior esforço. É por eles que qualquer sacrifício vale a pena.

5 Eu não entrego o meu país. Tenham certeza de que nunca, jamais me verão tomando decisões ou assumindo posições que signifiquem a entrega das riquezas nacionais a quem quer que seja. Não vou destruir o estado, diminuindo seu papel a ponto de tornar-se omisso e inexistente. Não permitirei, se tiver forças para isto, que o patrimônio nacional, representado por suas riquezas naturais e suas empresas públicas, seja dilapidado e partido em pedaços . O estado deve estar a serviço do interesse nacional e da emancipação do povo brasileiro.

6 Eu respeito os movimenos sociais. Esteja onde estiver, respeitarei sempre os movimentos sociais, o movimento sindical, as organizações independentes do povo. Farei isso porque entendo que os movimentos sociais são a base de uma sociedade verdadeiramente democrática. Defendo com unhas e dentes a democracia representativa e vejo nela uma das mais importantes conquistas da humanidade. Tendo passado tudo o que passei justamente pela falta de liberdade e por estar lutando pela liberdade, valorizo e defenderei a democracia. Defendo também que democracia é voto, é opinião. Mas democracia é também conquista de direitos e oportunidades. É participação, é distribuição de renda, é divisão de poder. A democracia que desrespeita os movimentos sociais fica comprometida e precisa mudar para não definhar. O que estamos fazendo no governo Lula e continuaremos fazendo é garantir que todos sejam ouvidos.

Democrata que se preza não agride os movimentos sociais. Não trata grevistas como caso de polícia. Não bate em manifestantes que estejam lutando pacificamente pelos seus interesses legítimos.

Companheiras e companheiros,

Aquele país triste, da estagnação e do desemprego, ficou pra trás. O povo brasileiro não quer esse passado de volta.

Acabou o tempo dos exterminadores de emprego, dos exterminadores de futuro. O tempo agora é dos criadores de emprego, dos criadores de futuro.
Porque, hoje, o Brasil é um país que sabe o quer, sabe aonde quer chegar e conhece o caminho. É o caminho que Lula nos mostrou e por ele vamos prosseguir. Avançando.

Com a força do povo e a graça de Deus.

Constrangimento "tucano".













Olha a expressão do Serra. Essa foto diz tudo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Garis rejeitam acordo em processos por comentário de Boris Casoy

Os cerca de 800 garis que processaram a TV Bandeirantes por causa de um comentário ofensivo do jornalista Boris Casoy contra a classe não chegaram a um acordo com a emissora, em audiência realizada pela Justiça do Rio na última quarta-feira (7). Com isso, o juiz Brenno Mascarenhas, do 4º Juizado Especial Cível do Rio, marcou uma nova audiência para o próximo dia 30, quando será lida a sentença.

Os garis pedem indenização por danos morais pelas declarações do jornalista durante a edição do Jornal da Band do dia 31 de dezembro de 2009. Sem saber que seu microfone estava ligado, Casoy ridicularizou dois garis que desejaram feliz ano-novo aos espectadores na abertura do telejornal. “Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras. Dois lixeiros, o mais baixo da escala do trabalho”, disse o apresentador, em tom de deboche.

No dia seguinte, Casoy pediu “profundas desculpas”, ao vivo, pela “frase infeliz que ofendeu os garis”. Mas o mea-culpa não foi suficiente para evitar as mais de 163 ações na Justiça — uma delas movida pela Fenascon (Federação Nacional dos Trabalhadores em Serviço, Asseio e Conservação, Limpeza Urbana, Ambiental e Áreas Verdes).

Segundo informações do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), mais de 800 garis, divididos em grupos de cinco, entraram com processos contra a Rádio e Televisão Bandeirantes Ltda.

Entrevista exclusiva de Luizianne ao Terra Magazine

As alianças petistas e tucanas se esbarram no Ceará. Em terra de Ciro Gomes (PSB) e Tasso Jereissati (PSDB), o PT pode ficar a ver navios caso o governador e candidato à reeleição, Cid Gomes (PSB), feche a parceria com o tucanato. Para a presidente estadual do PT, Luizianne Lins - prefeita de Fortaleza e aliada de Cid desde 2006 -, os tucanos "não têm musculatura estadual para ter um candidato a governador".

- Eles (PSDB) querem se escorar no aliado que o PT vem trabalhando e que é parte integrante do governo - diz.

Luizianne reforça o que decidiu o seu partido. Ela garante não existir a menor possibilidade de o PT entrar em uma aliança com tucanos. "Nós sequer cogitamos a hipótese de o PT sair numa coligação formal ou informal com os tucanos", pontua.

Na entrevista abaixo, a prefeita fala sobre a candidatura de Cid Gomes e alianças, e sobre os nós a serem desatados por seu partido e Ciro Gomes, que deseja carregar sua legenda na corrida ao Planalto.

Confira a íntegra da entrevista a seguir:

Terra Magazine - O deputado Eunício Oliveira do PMDB diz acreditar que o PT apoiará o candidato à reeleição ao governo do Ceará, Cid Gomes (PSB), mesmo que o PSDB também o faça. Existe a possibilidade de isso ocorrer?
Luizianne Lins - O PT tem tido uma forte unidade entre as correntes em algumas questões. Uma delas é a impossibilidade de um apoio formal ou informal ao PSDB. Ou seja, nós sequer cogitamos a hipótese de o PT sair numa coligação formal ou informal com os tucanos. Nós temos diferenças históricas com o PSDB no Ceará. Quando apoiamos o Cid em 2006 já confrontamos o PSDB. Tendo em vista que apostamos na candidatura de Cid, mostramos que queríamos quebrar a hegemonia do PSDB no Estado.

Como está o PSDB no Estado?
Desde 2004, o PSDB vem minguando no Estado. Só para você ter uma ideia, na minha reeleição, de 41 vereadores, apenas um é do PSDB. Para quem ficou 20 anos governando o Estado, isso é nada.

A senhora mencionou a unidade das correntes petistas. A qual a senhora pertence? Alguma das correntes em nível nacional tem pressionado para apoiar o PSB, independentemente do PSDB?
Democracia Socialista (DS), Mensagem ao Partido. De antemão, não quero trabalhar com essa hipótese. Em nenhum momento fui comunicada, até porque mantenho uma relação de amizade com o governador, de que haveria uma aliança com o PSDB. Nem o contrário disto. Vou trabalhar com a hipótese de que o PT é aliado prioritário. Quando o governador Cid era prefeito de Sobral, o vice era petista. Quando fui eleita em 2004, o PSB era prioritário. Em 2006, apoiamos Cid governador com o vice sendo petista. Ou seja, existe uma relação de aliança prioritária. Eu não cogito a possibilidade de existir a aliança PSB-PSDB. E mais, o PSB no Ceará sempre foi muito coerente e sempre à esquerda.

O senador Tasso Jereissati, que é muito próximo aos Gomes, afirmou que está muito perto de consolidar a aliança com o PSB. Isso é tática? Ou é real?
Se colar colou... Eu nunca ouvi isso do governador. Ouvir isso do Tasso demonstra a falta de candidatos do PSDB. Eles não têm um nome para candidato ao governo. Chegou num ponto que eles querem, por inércia, apoiar Cid Gomes. Eles não têm musculatura estadual para ter candidato a governador. Então, eles querem se escorar no aliado que o PT vem trabalhando e que é parte integrante do governo.

Quando a senhora foi eleita prefeita, não tinha o apoio do PT nacional, inclusive José Dirceu foi a Fortaleza fazer campanha para o candidato do PCdoB, o qual recebeu o apoio do partido da senhora. A senhora traçaria um paralelo entre a sua campanha e o que pode ser a campanha de Cid caso faça coligação com PSDB?
O PT já veio a Fortaleza, já se desculpou, somos todos amigos novamente... Estamos esperando a resolução definitiva do PSB, a candidatura ou não do Ciro à presidência da República. Ainda não houve o apoio do PSB nacional à candidatura da ministra Dilma Rousseff. Hoje o PCdoB fará um ato público para formalizar a candidatura dela. Não podemos ficar amarrados à conjuntura estadual para definir a nacional.

Ciro Gomes. Nada decidido...
O governador não se manifesta sobre o cenário estadual enquanto o nacional não for decidido. Portanto, estamos esperando. Não posso, como presidente estadual do PT e como prefeita da principal capital que o PT administra, deixar que o partido fique amarrado às negociações estaduais enquanto temos uma candidatura nacional para tocar.

O que o PT quer nessa aliança com Cid?
Tivemos uma reunião e assinamos uma resolução que prevê a candidatura do ministro Pimentel, de Eunício e apoio à candidatura de Cid com uma vaga na vice. Na mesma resolução, caracterizamos o PSDB como anti-Lula e pontuamos que não faremos nenhum tipo de aliança formal com os tucanos.

Se isto já está definido, por que adiar o encontro?
Adiamos o encontro para o dia 24 porque é preferível esperar do que anunciar uma aliança que pode ser alterada depois.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

José Genoino: O que FHC quer esconder é o programa da oposição

A aliança demotucana tenta a todo custo afastar Fernando Henrique Cardoso da campanha eleitoral. O temor que a altíssima rejeição ao ex-presidente contamine o desempenho de José Serra é grande e, convenhamos, cheio de razão. No entanto, fica cada vez mais claro que eles não podem prescindir do talento de seu líder máximo não só na elaboração do programa a ser apresentado pelos tucanos mas também para o rascunho do discurso que o PSDB/DEM irá fazer nas eleições deste ano.

por José Genoino*

Prova disto, é a repercussão que teve seu artigo “Hora de União” publicado em vários jornais do país, turbinada pela divulgação de trechos da sua conversa com três professores-discípulos no caderno Alias do Estadão de domingo último.

O mérito do artigo é que nele, pela primeira vez, um líder da aliança que hoje aglutina a direita brasileira, afirma que o que estará em jogo nas eleições deste ano são dois projetos antagônicos. “Por trás das duas candidaturas polares há um embate maior” diz - com razão - FHC, desfazendo qualquer tentativa de Serra, seu ex-ministro e hoje candidato a presidente, se apresentar como o pós-Lula. FHC entra em jogo para, com sua experiência, revelar a artificialidade desta construção tática. O artigo de Fernando Henrique politiza o debate e comprova que não demandará muito esforço para que se explicite todo conteúdo anti-Lula da candidatura José Serra.

Entretanto, o debate político logo se transforma num monólogo acusatório e preconceituoso, onde a ficção toma o lugar do argumento. Talvez numa tentativa de repetir a estratégia do medo, FHC denuncia o governo Lula pela construção de um “capitalismo no qual governo e algumas grandes corporações, especialmente públicas, unem-se sob a tutela de uma burocracia permeada por interesses corporativos e partidários” e o PT de ser “um partido cujo programa recente se descola da tradição democrática brasileira, para dizer o mínimo”. Como um pregador, FHC alerta que “o ‘pensamento único’ esmagará os anseios dos que sustentam uma visão aberta da sociedade e se opõem ao capitalismo de Estado controlado por forças partidárias quase únicas infiltradas na burocracia do Estado”. E para aplacar qualquer dúvida sobre esta profecia, lembra que “a China está aí para demonstrar que isso é possível”.

É claro que FHC sabe que o que está dizendo não passa de acusações inaceitáveis. Ele sabe que o PT nasceu e se construiu na luta contra as concepções de “partido único”, contra a burocratização da política e a supremacia do estado.

A consolidação e a consagração do PT como um partido renovador, também para a esquerda mundial, deve-se a esta origem contestadora e antidogmática, em que a democracia é um valor supremo. Sabe também, que o êxito internacional do governo Lula não se deve apenas à qualidade da sua gestão econômica ou pelo alcance de seus programas sociais. Lula é reconhecido como um exemplo de estadista pelo seu apreço à democracia. Não há um só gesto ou intenção do nosso governo que possa sugerir um desprezo pelas regras democráticas. Muito pelo contrário, a recusa peremptória do terceiro mandato, o diálogo com a sociedade e com os movimentos sociais por meio dos Conselhos e Conferências Nacionais, a transversalidade das políticas públicas, fazem do governo Lula um exemplo do exercício democrático. Tratar os movimentos sociais como caso de polícia - como é hoje, com os professores, em São Paulo e como foi a greve dos petroleiros em 1995 - e mudar as regras do jogo para acomodar os interesses de quem governa - como foi com a instituição da reeleição no Brasil - ficaram no passado no plano federal.

Retroceder é o programa: o Brasil quebrou 3 vezes

Por isso, é de se acreditar que esta retórica do terror - mais sofisticada que aquela do “eu tenho medo” - sirva também para dissimular o vazio programático em que se encontra a direita mundial depois da crise que solapou o mundo neoliberal e que mantém a Europa encalacrada em dívidas colocando em risco, inclusive, a sobrevivência política da própria União Europeia.

Pois, se as candidaturas são “polares”, quais são os polos? Ele ataca ferozmente um, mas nem rabisca a defesa do outro! Se, para ele, o capitalismo do PT e do governo Lula é esta monstruosidade burocrática e autoritária, qual “capitalismo” é o deles?

O que Fernando Henrique quer esconder é o programa com que eles irão disputar as eleições. Ele não quer dizer que o que eles têm a propor é nada além do retrocesso. A volta das privatizações como solução para tudo e da vulnerabilidade financeira, da subserviência aos USA e ao FMI, da ameaça do desemprego, dos apagões. Isto é, ele não tem o que propor além do retorno das concepções que sustentaram os anos de seu governo, quando o Brasil faliu 3 vezes, pois não se sustentava perante as crises econômicas mundiais, e que são responsáveis pelo seu recorde de rejeição.

Talvez Fernando Henrique veja “a tutela de uma burocracia” no fato de ex-sindicalistas presidirem bancos e grandes empresas e ela ser ”permeada por interesses corporativos e partidários” signifique, para ele, defender os interesses destas empresas e do Brasil. Mas qual o problema? Por acaso, os executivos do mercado que presidiam estas mesmas instituições quando ele era presidente não defendiam interesses? Claro que sim! Só que outros: os do mercado. Aqueles mesmos interesses que levaram o sistema financeiro mundial à bancarrota em 2009, colocando milhares de trabalhadores na miséria e despertando sentimentos xenófobos como medida de autoproteção. Mas isto, evidentemente, ele não pode dizer! Até porque teria que admitir, por consequência, que o Brasil, por obra do nosso governo, foi um dos únicos países a sair ileso da mais devastadora crise econômica mundial desde a de 1929.

Na verdade, estas acusações compõem o recheio de um texto que revela outra dimensão do pensamento demotucano: o elitismo. FHC lembra o exemplo da eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral e dos acordos que a envolveram para pregar uma “aliança entre Minas e São Paulo” nas eleições deste ano. O que importa para Fernando Henrique, muito mais do que a densidade eleitoral destes estados, é o conteúdo conservador desta união que marcou a história do Brasil. Mas estas questões encontram-se mais desenvolvidas na conversa reproduzida no caderno Alias.

Elitismo e tradição aristocrática

Neste debate, promovido pelo jornal O Estado de S.Paulo, Fernando Henrique discorreu sobre anéis burocráticos, fundos sociais e fundos de pensão, sobre a esquerda dos anos 70, sobre a indulgência dos brasileiros. FHC mostra-se indignado com a “indecência” da política, confunde liberalismo econômico com liberalismo político, aponta riscos de cesarismo no presidencialismo ocidental e sustenta que um país só terá se desenvolvido quando “tiver telefonista ou empregada doméstica capazes de anotar um recado”. Exceto pela afirmação de que o Plano Real foi o verdadeiro responsável pela sua vitória em 1994 não há nada mais que possa sugerir que ele governou o Brasil por 8 anos. Reflete, inclusive, sobre a “incapacidade do setor estatal em garantir recursos e tecnologia” para garantir o desenvolvimento porque, afinal, “tudo foi mudando”.

Entretanto, o que mais chama a atenção aqui é a harmonia perfeita entre o seu pensamento elitista e a tradição autoritária da direita brasileira.

Enquanto troca graças e lisonjas com os debatedores, FHC esboça uma crítica virulenta aos mecanismos de expressão da população, mecanismos presentes na democracia representativa. Em uma visão tipicamente aristocrática, opõe-se à "democracia plebiscitária", vinculando o mecanismo de consulta direta à população ao governo de Hugo Chávez, de modo que democracia direta, via plebiscito, referendo e eleições, se confunda com o que ele chama de “consenso da massa”. Todos temos claro o perigo do autoritarismo das maiorias, mas a questão da democracia brasileira diz respeito a permitir que camadas secularmente excluídas participem do processo de deliberação. Os movimentos sociais, as donas de casa, os jovens, os marginalizados, com o bolsa família, com o Prouni, com os programas sociais e as políticas públicas do Governo, passaram a ter expressão e isso causa incômodo na velha ordem. Se a democracia se exprime pela máxima "todo poder emana do povo", o papel dos intelectuais não é o de contestar a participação popular, como faz Fernando Henrique, mas o de ajudar na construção de mecanismos democráticos para que a vontade popular se transforme em políticas públicas.

Por fim, gostaria de salientar que os termos em que Fernando Henrique coloca o debate eleitoral, independentemente do absurdo das acusações e da ausência de um programa para ele defender, é um salto qualitativo em relação à dissimulação programática e udenização do debate político promovido, até aqui, por outros líderes da oposição.

Não há como José Serra escapar de ser o anti-Lula porque não há possibilidades desta eleição não ser marcada pela confrontação entre estes polos. E se engana quem acha que nos convém apenas a comparação entre Lula e FHC. Esta talvez seja a mais direta, mas todas as outras também nos convêm. Vamos comparar qualquer governo petista, municipal ou estadual, com qualquer governo tucano ou do DEM. Vamos comparar Dilma com Serra. Vamos comparar a nossa ética com a deles. Vamos comparar a nossa história com a deles. Vamos comparar o Brasil que sonhamos com o Brasil que eles querem. Não há, como diz FHC, maneira de confundir. Porque será entre estes dois projetos “polares” de país, a disputa eleitoral de 2010.

José Genoino é deputado federal (PT-SP)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Após polêmica, PSDB resolve incluir FHC em evento para Serra

O PSDB incluiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso entre os políticos que vão discursar na cerimônia de lançamento da pré-candidatura do ex-governador José Serra (PSDB) ao Palácio do Planalto, marcada para este sábado (10).
Inicialmente, o discurso de FHC não estava previsto pela cúpula do partido, o que gerou rumores de que o PSDB tinha o objetivo de desvincular a imagem de Serra à do ex-presidente --num cenário oposto ao da ex-ministra Dilma Rousseff (PT), que vincula diretamente sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em sua página no twitter, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), rebateu hoje as acusações de que o PSDB quer desvincular Serra do ex-presidente. "FHC está no nosso DNA. É o nosso presidente. Não tem PSDB sem FHC. O resto é intriga", afirmou.

Além de FHC, vão discursar no ato pró-Serra o pré-candidato, Guerra e os presidentes do DEM, Rodrigo Maia, e do PPS, Roberto Freire. Os três partidos de oposição vão firmar a aliança na chapa do tucano nas eleições presidenciais de outubro.

Guerra será o coordenador da campanha do tucano à Presidência da República. "Me perguntam se serei coordenador da campanha do Serra. Sim, eu serei", disse ele no microblog.

Dilma em MG: não vamos tolerar postura falsa da oposição

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse nesta terça-feira (6), em Ouro Preto (MG), que não aposta no que chamou de "bateu-levou": "Sempre que discutimos propostas e apresentamos caminhos temos que apresentar também as diferenças. Estamos caracterizando o que é o nosso projeto e o que é o da oposição. Se (a oposição) não tem projetos, isso tem que ficar claro", disse.

A ex-ministra rebateu as críticas de que estaria entrando na campanha com um tom agressivo: "Nós queremos debater, fazer o debate respeitoso. Dizer que o projeto do governo Lula é um e o da oposição é outro. É desrespeito?", disse.

Dilma voltou a usar a metáfora do lobo em pele de cordeiro e garantiu que não irá tolerar essa postura dos opositores. Mesmo sem citar nomes, ela mandou um recado direto aos adversários. "Quem da oposição quiser se passar como sucessor do governo Lula não sendo, é um lobo em pele de cordeiro. E vocês sabem quem são", disse, se dirigindo ao público presente à Câmara Municipal da cidade, em um evento onde ela esteve cercada de militantes, parlamentares e prefeitos de cidades do interior de Minas Gerais.

"O que eu chamei de lobo em pele de cordeiro é quem criticava até ontem e hoje não critica mais. Lobo em pele de cordeiro é uma expressão bíblica, que das pessoas caracterizam o que elas não são. Um lobo pode se vestir com uma pele bem branca e estar com as patas afiadas", afirmou, dizendo ainda que, apesar do tom elevado, pretende fazer uma campanha rumo ao Palácio do Planalto "em alto nível".

"Havia uma oposição clara ao nosso projeto, e essa oposição continua. Tento uma oposição clara, ela não pode tentar aparecer como não sendo oposição", completou a petista, que também botou flores aos pés da estátua de Tiradentes.

Na segunda-feira, Dilma usou a mesma expressão e disse que só quem pode garantir essa continuidade é a aliança "virtuosa" que elegeu Lula e apoiará agora sua candidatura.

"Aqueles que venderam nosso patrimônio, que quebraram o Brasil e deixaram o povo sem um salário digno não têm condições de levar isso adiante. São lobos em pele de cordeiro, mas o povo brasileiro está esperto e sabe reconhecer os falsos cordeiros. Um dia falam que vão continuar. Outro dia eles mostram patinha de lobo ao cometer um ato falho e ameaçam acabar com o PAC, com a política econômica. Como eles podem continuar o governo Lula se passaram os últimos sete anos e meio criticando este governo? Antes de mais nada, eles são anti-Lula", disse Dilma, em seu primeiro compromisso público após sua desincompatibilização do cargo de ministra-chefe da Casa Civil.

Lula confirma presença no ato do PCdoB em apoio a Dilma

Nesta quinta-feira (8), o PCdoB indicará seu apoio à pré-candidatura de Dilma Rousseff à Presidência em um grande ato no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, em Brasília, a partir das 17h. Além da pré-candidata, também o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva confirmou sua presença, aceitando o convite dos comunistas. O presidente deverá participar do Ato a partir das 18 horas, em respeito à legislação eleitoral que veda a participação de agentes públicos no horário do expediente.

Rita Polli
Eleições 2010

Lideranças do PCdoB em almoço na casa da então ministra Dilma Roussef

Para o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, "a presença do presidente Lula mostra o reconhecimento da importância do evento partidário que iremos realizar". "Nós estivemos ao lado do presidente Lula em todas as suas campanhas, portanto temos a responsabilidade de
lutar para que os avanços conquistados em seu governo sejam mantidos e aprofundados. Lula e Dilma têm claro este compromisso e nosso empenho na luta por um Brasil moderno, justo e desenvolvido", afirmou o dirigente comunista.

Também estão confirmadas as presenças do vice-presidente, José Alencar, do presidente do PT, José Eduardo Dutra, além de lideranças políticas e dos movimentos sociais que compõem e apoiam a base governista. Entre os artistas convidados estão certas as participações de Martinho da Vila, Leci Brandão, Netinho de Paula, Jorge Mautner e Nelson Jacobina, além do grupo brasiliense de samba Coisa Nossa.

O PCdoB ratificará os compromissos firmados com um novo programa de desenvolvimento para o Brasil, expresso na pré-candidatura de Dilma Roussef, que será formalizada na convenção eleitoral programada para o mês de junho.

O Partido manifesta opção pela pré-candidatura da Dilma pela afinidade programática, pela convergência de idéias e, principalmente, por acreditar no avanço político e econômico do país. Um dos objetivos do ato é fomentar a discussão interna no Partido quanto à continuidade do desenvolvimento econômico com progresso social a partir da eleição presidencial.

Força do povo

“O diálogo positivo com Dilma, suas qualidades políticas e o caráter plebiscitário do pleito, possibilitaram ao PCdoB amadurecer a convicção de que ela está credenciada para disputar, vencer e governar com pleno êxito” afirma Renato Rabelo. Ele explica que o Partido identificou uma convergência muito grande de opiniões entre o PCdoB e a Dilma.

“Para apoiar uma pré-candidatura, como é o caso, é indispensável uma plataforma clara com pontos de vista comuns. As nossas conversas permitiram maior conhecimento mútuo e a revelação da identidade de objetivos”, afirmou Rabelo.

“O Partido defende que a campanha se realize alicerçada na força do povo, com um programa audacioso, e sustentada por uma coligação ampla, mas sublinha que é imprescindível o papel destacado da esquerda. Desse modo, mais do que garantir a continuidade do ciclo aberto por Lula, Dilma, na visão dos comunistas, poderá garantir um desenvolvimento ainda mais arrojado”, finalizou o presidente do PCdoB.

Sobre o PCdoB

Mesmo com a realização do ato – que reunirá lideranças dos movimentos sociais, outras organizações políticas e acadêmicas, filiados, aliados e amigos do Partido - o apoio do PCdoB só será oficializado depois da convenção eleitoral no próximo mês de junho, conforme estipula legislação vigente.

Aos 88 anos - sendo 25 na legalidade – o PCdoB está presente em todos os estados do país. Conforme balanço realizado em 2009, por ocasião do seu 12º Congresso, possui comitês em 2 mil e 300 municípios, e conta com 252.000 filiados. O Partido é dirigido a partir de um Comitê Central, presidido por Renato Rabelo. No Congresso Nacional sua representação é composta por 12 deputadas federais e um senador. Mantém forte atuação junto aos movimentos sociais, sindicais e estudantil e esteve presente nas principais lutas em defesa da democracia e do desenvolvimento nacional.

Di Cavalcante. Brasileiramente extraordinário.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Entrevista da pré-candidata do PT ao jornal Estadão.

O presidente Lula disse que espera que seu sucessor faça mais pela educação. Qual sua meta para o setor?

Ele tem toda razão. Ele construiu um alicerce. Vamos ter que aumentar ainda mais os investimentos.

Hoje, o investimento não chega a 5% do PIB. Educadores sonham com 7%. É possível investir 10%?

Não vou dizer porcentual porque não sou doida, mas dá para aumentar progressivamente os investimentos. Não podemos esquecer que teremos recursos da exploração do pré-sal.

Mas a proposta de investir o dinheiro do Fundo Social do pré-sal em educação encontrou resistência no Congresso. Os partidos querem repassar os recursos para outros setores.

Aí não está certo, distorce o que pode ser o nosso passaporte para o futuro. Apostar na educação não é só uma questão de inclusão e dar suporte à inclusão social. Temos que investir em educação para sermos de fato um país de liderança mundial.

No debate sobre saúde, a senhora não teme enfrentar José Serra, que é um ex-ministro da área?

Não tivemos na saúde, nos últimos 30 anos, um momento tão propício, como agora. Demos um grande salto quando estruturamos o SUS (Sistema Único de Saúde), ninguém pode negar. O SUS de um lado garantia a atenção básica e a partir de um certo momento, as unidades básicas de saúde, com saúde da família, que atendem a gestantes, crianças e aqueles que têm doenças como diabetes, hipertensão. E tinham os hospitais. Neste processo, entre as unidades e os hospitais não tinha nada, não tinha a média complexidade. Uma pessoa ficava em filas e filas. Isso não foi resolvido por ninguém. Acho que o grande passo foi dado com as UPAs, as Unidades de Pronto Atendimento, que garantem atenção 24 horas por dia e impedem que a fila se dê no hospital, transfere o atendimento de urgência e emergência para essas unidades. As UPAs, que estão programadas para uma população de 100 a 200 mil, chegando a 300 mil, têm níveis de cobertura diferenciada. Em vez de ir direto para o hospital, uma pessoa que teve um ataque cardíaco segue para uma UPA. A unidade faz a prevenção, dispensando a fila no hospital. Se o ferimento ou o problema não for grave pode ser tratado ali.

Mas a realidade ainda é outra...

Acho que vamos mudar esta realidade. O pessoal tem toda a razão quando se queixa. Não tinha fila no INSS? Nós não falamos que íamos acabar? Acabamos. Vamos mudar a situação da saúde.

José Serra saiu do governo de São Paulo com um discurso focado na questão ética. Pode prevalecer esse debate no processo eleitoral?

Esse debate é muito bom para a gente. Pode olhar tudo o que foi feito. Nunca se esqueça que foi a CGU quem descobriu a máfia dos sanguessugas. Tudo foi feito pela CGU, combinado com a Polícia Federal. Se teve um governo que levantou o tapete, foi o governo Lula. Antes não apareciam denúncias, porque ficavam debaixo do tapete, ninguém apurava. Estava vendo, outro dia, um levantamento da CGU que mostra que as principais descobertas e investigações neste governo foram de casos que ocorreram em governos anteriores. A apuração das denúncias levantadas pela Operação Castelo de Areia é um caso. E acabamos com a figura do engavetador-geral. Onde está o engavetador? A União não engaveta mais nada. Nos sentimos muito à vontade em fazer essa discussão. Agora, se me perguntarem se isso rende frutos, acho que não rende. Eles pensaram que ia render em 2006. Acho que eles não podem ter só esse discurso. Vão ter que mostrar qual é a proposta para o Brasil não viver estagnado. O Serra que me desculpe, mas ele não foi só ministro da Saúde. Foi ministro do Planejamento. Planejou o quê, hein? Ali, se gestou sabe o quê? O apagão. O apagão que eu falo é o racionamento. Porque o pessoal usa um pelo outro. Racionamento é ficar oito meses sem energia.

A senhora trabalha para estar no mesmo palanque de Ciro Gomes ainda no primeiro turno?

Tenho uma relação muito forte com Ciro. Por conta do fato de termos sido ministros no primeiro mandato do presidente Lula. Foi uma época muito difícil, havia muita tensão, muitas acusações. O Ciro foi um companheiro inestimável. Ele pensa semelhante a todo o projeto do governo. Agora, o que ele vai fazer só ele pode dizer. Não tem como fazermos suposições sobre qual é o caminho político do Ciro.

O País ficou 21 anos sob ditadura e, há 25 anos, não tem direito oficialmente à memória dos tempos do regime militar. A senhora já disse que não aceita o revanchismo. Há condições para abrir os arquivos militares?

Não tem revanchismo em relação à memória. Fizemos todas as tratativas na Casa Civil, quando mandamos ofícios a todos os órgãos arquivistas existentes na República. Pedimos que entregassem os arquivos. Foi dito que tinham sido queimados. Então, que se apresentassem as provas. A Aeronáutica entregou a parte do arquivo. As demais Forças disseram que não existem arquivos. O que pudemos fazer, nós fizemos.

Se a senhora for presidente, vai abrir o arquivo do CIEx, órgão de inteligência do Exército?

O Brasil está bastante aberto. Depende do que vai ocorrer daqui para frente. O aperfeiçoamento da democracia não é uma coisa que se faz de uma vez por todas. Faz a cada dia. É um processo de consulta a pessoas.

Há clima favorável ao fechamento de um ciclo, à abertura do arquivo?

Acho que esse ciclo está consolidado, bastante consolidado.

Qual a proposta da senhora para as Forças Armadas?

O Plano de Defesa que fizemos foi uma das melhores coisas do governo Lula. Um país deste tamanho tem de aparelhar e valorizar as suas Forças Armadas, tem de ter uma estratégia de defesa. É preciso estar presente na nossa imensa costa, até porque temos a questão do pré-sal, e daí a importância dos submarino