quinta-feira, 1 de abril de 2010

O governo Cid e o cabo de guerra da política cearense.

A metáfora de que a conjuntura política cearense é um “cabo de guerra” serve para definir bem a minha opinião sobre a mesa. De um lado o povo, o Brasil que emerge com a chegada do PT e aliados ao governo (não ao poder, pelo menos em parcela dele), os movimentos sociais, a inversão de prioridades enfim um projeto socializante de poder. Do outro lado FHC, Tasso, Serra, Malan, Aécio, o monopólio das comunicações, a concentração de renda, saber e poder.
No ceará iniciamos essa transição com muita luta e resistência ao período neoliberal que durou quase duas décadas, com privatização da Coelce, BEC, desmonte do serviço público, demissão de servidores, concentração de renda e desenvolvimento tímido e concentrador na Região metropolitana de Fortaleza. O governo Cid simboliza essa transição para o Ceará alinhado com o projeto nacional liderado por Lula, com a ação efetiva do Estado para suprir e atuar fortemente na superação das desigualdades. É inegável que essa transição está em curso. Ela tem como marco inicial a vitória de Luizziane em 2004 para prefeitura de Fortaleza. Com essa as elites não contavam. E o melhor diferente de 1985, o projeto se consolida com a reeleição a petista que aglutinou uma importante força aliada da base do governo Lula que aprofunda cada vez mais a derrota da direita cearense em especial dos "novos donos do poder no Ceará", cuja maior expressão é o senador tucano neoliberal Tasso Jereissati.
O ritmo, os símbolos e sujeitos que caracterizam (inclusive na fala política de suas principais lideranças) esse processo de superação da “Era Tasso” é verdade ainda precisam de melhor demarcação e clarificação diferenciadora dos projetos. O povo clama por essa clareza e às vezes é implacável com uma nitidez pouco demarcadora, sobretudo na “fala política” de que lado ou quais os objetivos que um projeto quer alcançar. Na forma como se dá e pelos sujeitos essas diferenças se evidenciaram mais na medida em que a luta entre os dois projetos que acontece cotidianamente em todos os espaços da sociedade, na base, nos embates feitos pelo povo, no enfrentamento com as elites e sua lógica de dominar, alienar e se perpetuar no poder se torne mais frenético forçado a cada elemento desse rico e complexo processo definir o seu lado, tomar partido. Isso é inevitável.
Essa ruptura por seus elementos, simbólicos e principais atores não é algo simples, mas é necessária. É louvável o governador Cid demonstrar essa opção e ter feito a aliança que o elegeu preferencialmente com o PT. Portanto o PSDB foi derrotado, deveria está na oposição. Não está, tenta ainda ser o que não é na realidade. São os momentos finais de uma equação que não se fecha e fruto também da deformação absurda da nossa representação política que cria esses fenômenos. Tasso vem sendo derrotado paulatinamente, só não enxerga quem não quer. Mas os laços ou o laço que ainda liga esse velho período com o novo exigido pelo povo são chamados a se posicionarem de forma mais objetiva que antes sobre pena de que a história arraste em suas impiedosas águas junto com os entulhos do passado forças potencias construtores de outro modelo. O que por vacilo ou relações limites de classe (em não posicionarem em momentos como esse) significaram o apego ao passado.
Alguns ainda tentam reavivar o que o povo já supera no embate social político e ideológico vigoroso em curso no país. Poderíamos chamar de o "fiel" do “cabo de guerra” (que divide a corda ao meio), ainda em tetativa vã de unificar dois lados opostos inexoravelmente pelas suas origens, natureza e programas. O divisor das forças óbvio, não permanecerá dessa mediação por muito tempo. Ou opta por um dos lados ou será pela força de um deles, nesta momento da nossa história tem prevalecido à força do povo e não das elites.
No evento de posse de Luizianne na presidência do PT ficou evidente que o time de um novo país e que no governo Cid puxa a corda para o lado do povo (e sinceramente acho que assim também pensa o governador) cabo veio bem mais para esquerda, para o campo progressista. Deve prevalecer à força do povo, da base aliada do governo Lula. No palanque daquela noite no PT, ficou claro a necessidade de paciência para acertarmos os ponteiros da nossa unidade no plano nacional. Também ficou evidente e necessária a presença de outro potencial candidato ao senado (dois fortes candidatos da base aliada do governo Lula) nessa unidade, torna muito forte a chapa do lado “esquerdo da corda” e puxa definitivamente para a esquerda, pondo a possibilidade concreta de estabelecermos o ocaso do período neoliberal em terras patativenses derrotando em sua tentativa de reeleição o seu símbolo maior o senador neoliberal, apoiador de FHC e implacável oposicionista ao governo Lula Tasso Jereissati.
Portanto uma aliança desse campo e uma chapa que seja ocupada por essas forças tem amplas chances (não subestimemos os resquícios neoliberais) de impor uma derrota, se não definitiva, significativa em um modelo que legou ao nosso estado, concentração de renda, desigualdade e avanços parcos diante da divida social enorme que temos como milhões de irmãos cearenses que ainda sofrem com a lógica que herdamos e que estamos dando um salto para superá-la seja por conta do coronelismo dos sertões ou dos novos ricos aculturados e anti-povo que fizeram e fazem da miséria do povo o alimento das suas riquezas e a sustentação da sua opulência, arrogância e autoritarismo.

Antonio Carlos de Freitas Souza
Vice-presidente do PT-Ceará

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