sexta-feira, 4 de junho de 2010

O balanço de maio da campanha: descendo a Serra



















O balanço de maio da campanha: descendo a Serra

O desenrolar da campanha em maio reverteu a tendência predominante em abril e recolocou os termos da campanha nos meses anteriores: crescimento da Dilma, às custas dos que tinham dito que votariam pelo candidato de Lula, mas que ainda expressavam seu voto pelo Serra. Até pesquisas que, de uma ou outra maneira, não refletiam ainda o empate técnico, com tendência a clara subida da Dilma e do descenso do Serra. Os efeitos das pesquisas não foi o da constatação do empate, mas a definição clara da tendência a que a Dilma já esteja liderando hoje ou que tende a liderar as pesquisas futuras.

A avaliação da candidatura da Dilma é que a identificação dela com o Lula é o fator fundamental do crescimento dela e da baixa do Serra. A avaliação da candidatura do Serra é que a super exposição da Dilma junto com o Serra teria sido a causa, que teria em uma exposição intensa do Serra em junho, a resposta.

O certo é que se esgotou a primeira imagem tentada pelo Serra: a de tentar reter votos que apóiam ao governo, tratando de passar por o melhor continuador dele, baseado no “pode mais”. Depois de certo desconcerto, o Serra se deu conta que o fortalecimento do consenso em torno do Lula e a projeção cada vez maior da identificação deste com a Dilma, não o favorecia e não impedia a sangria de votos para a candidata do governo.

Serra teve que fazer o que buscava evitar: ser o anti-Lula. Foi rapidamente adotando a receita tradicional da direita: segurança e diminuição dos impostos. A promessa da criação de um Ministério da Segurança e os ataques à Bolívia representam a tentativa de explorar o viés conservador de setores da classe média, para o que também converge a promessa de diminuir impostos – sem dizer de que setores cortaria a tributação.

O mais significativo da virada nas preferências do eleitorado na campanha foi a perda de iniciativa do Serra, que passou a responder a políticas do governo e a propostas da Dilma. Foi assim que destemperou seu ânimo contra a política externa (Mercosul, Venezuela, Irã, Bolívia), revelando um provincianismo, que revela uma incompreensão do que é o mundo de hoje, dos sucessos inquestionáveis da política externa brasileira e do desastre que seria uma política baseada nas afirmações dele (muito propriamente chamado de “exterminador do futuro” por Marco Aurélio Garcia).

Serra foi acumulando posições erráticas e revelando seu gênio descontrolado e centralizador (por enquanto já acumula, além da presidência da república, a do Banco Central e da Sudene, em um eventual governo seu, além de decidir sozinho sua agenda). Sua campanha entrou em crise, conforme ele foi cedendo aos setores mais à direita no seu bloco, em particular ao DEM, que acredita que devem radicalizar contra Lula e Dilma. Revelou o incômodo da sua candidatura diante do sucesso do Lula e da projeção da Dilma como a principal responsável por esse sucesso e como não é fácil assumir um pós-Lula sem ser, ao mesmo tempo, um anti-Lula.

Serra continua a contar com o monopólio dos meios de comunicação – que o governo não conseguiu quebrar, revelando o fracasso da sua política de comunicações – como seu instrumento mais forte. Mas para isso precisa abastecer com combustível essa desgastada máquina de fazer denúncias e tentar transformar em “crises” e “gafes”, qualquer circunstância menor. Não tem funcionado, mas sendo o seu grande instrumento, de que dispõem completamente, a oposição segue disposta a usá-lo a fundo, até o fim da campanha.

Dilma ainda tem para resolver problemas em vários estados – principalmente Minas, Paraná, Santa Catarina,Pará, Maranhão – cujos arranjos finais podem favorecê-la ou prejudicá-la. Mas mesmo em Minas nada indica que a diferença de votação entre os dois permita recuperar a diferença significativa a favor dela na grande maioria dos outros estados.

Junho demonstrará se o clima de abril ou o de maio dará a tônica da campanha, nos 4 meses que nos separam das eleições.

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