Pão e poesia
Fausto Nilo e Moraes Moreira
Felicidade
É uma cidade pequenina
É uma casinha, é uma colina
Qualquer lugar que se ilumina
Quando a gente quer amar
Se a vida fosse trabalhar
Nessa oficina
Fazer menino ou menina
Edifício e maracá
Virtude e vício
Liberdade e precipício
Fazer pão, fazer comício
Fazer gol e namorar
Se a vida fosse o meu desejo
Dar um beijo em teu sorriso
Sem cansaço
E o portão do paraíso
É teu abraço
Quando a fábrica apitar
Não há passagem
Entre o pão e a poesia
Entre o quero e o não queria
Entre a terra e o luar
Não é na guerra
Nem a saudade
Nem futuro
É o amor no pé do muro
Sem ninguém policiar
É a faculdade de sonhar
É a poesia que principia
Quando eu paro de pensar
Pensa na luta desigual
Na força bruta, meu amor
Que te maltrata
Entre o almoço e o jantar
O lindo espaço
Entre a fruta e o caroço
Quando explode é um alvoroço
Que distraiu o teu olhar
É a natureza onde eu apareço
Metade da tua mesma vontade
Escondida em outro olhar
E como doce
Não esconde a tamarinda
Essa beleza só finda
Quando a outra começar
Vai ser bem feito
Nosso amor daquele jeito
Nesse dia é feriado
Não precisa trabalhar
Pra não dizer
Que eu não falei da fantasia
Que acaricia o pensamento popular
O amor que fica entre a fala
E a tua boca
Nem mesmo a palavra mais louca
Consegue significar felicidade
Felicidade
É uma cidade pequenina
É uma casinha, é uma colina
Qualquer lugar que ilumina
sábado, 27 de novembro de 2010
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